Política Internacional
Lula critica tarifas de Trump e alerta para risco de hegemonias sobre América Latina na cúpula da Celac
Presidente brasileiro pede união regional e diz que guerras comerciais não têm vencedores; fala ocorreu durante reunião de líderes latino-americanos e caribenhos em Honduras
09/04/2025
16:52
DA REDAÇÃO
Lula durante cúpula da Celac, em Honduras — Foto: Reprodução
Durante discurso na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada nesta terça-feira (9) em Honduras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente o novo pacote de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando as medidas como “arbitrárias” e prejudiciais à estabilidade econômica global.
“Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores”, afirmou Lula.
Em sua fala, o presidente alertou para os riscos de a América Latina voltar a ser tratada como zona de influência em um cenário de nova divisão global entre superpotências. Segundo ele, somente com cooperação entre os países da região será possível preservar a autonomia e o protagonismo latino-americano e caribenho.
“Agora, nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam sobre nossa região. O momento exige que deixemos nossas diferenças de lado”, destacou o presidente brasileiro.
A declaração ocorre em meio à repercussão internacional do chamado "tarifaço" de Trump, que aumentou tarifas comerciais para diversos países. A decisão provocou reações da China, União Europeia, México e Canadá, que estudam contramedidas e alertam para os impactos negativos da medida nas cadeias globais de produção.
A Celac é hoje o único mecanismo de diálogo político que abrange todos os países em desenvolvimento das Américas. O encontro em Honduras reuniu representantes dos 33 países da América Latina e do Caribe, além de observadores internacionais e convidados extrarregionais.
Em outro momento do discurso, Lula propôs que a próxima secretária-geral da ONU seja uma mulher da América Latina ou do Caribe, ressaltando a necessidade de renovação e equidade de gênero nos principais organismos multilaterais.
“A Celac pode contribuir para resgatar a credibilidade da ONU elegendo a primeira mulher secretária-geral da organização”, afirmou.
O atual secretário-geral da ONU, António Guterres, termina seu mandato em 2026. Entre os nomes cogitados para a sucessão estão:
Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile
Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados
Rebeca Grynspan, ex-vice-presidente da Costa Rica
Apesar do apelo por representatividade, Lula reconheceu o desafio de se chegar a um nome de consenso, dado o cenário de diversidade ideológica entre os governos da região.
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