Política Internacional
Trump impõe tarifa de 50% ao Brasil e gera reação global: imprensa estrangeira critica medida ‘destemperada’ e alerta para guerra comercial
Jornais como The Guardian, NYT e BBC apontam uso político de tarifas por Trump e enxergam tentativa de interferência no processo contra Bolsonaro
10/07/2025
09:15
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A nova decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto provocou forte repercussão internacional. Em carta enviada diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump justificou a medida como uma reação à suposta "censura" às plataformas de mídia social dos EUA, ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ações do Supremo Tribunal Federal (STF), que ele classificou como ataques à liberdade de expressão.
A medida representa uma escalada sem precedentes nas tensões comerciais entre os dois países e multiplicou críticas na imprensa mundial, que descreveu o gesto como “exaltado”, “drástico”, de tom “pessoal” e até como “coerção política internacional”.
O jornal britânico The Guardian caracterizou a carta enviada a Lula como “destemperada” e afirmou que o conteúdo da comunicação difere radicalmente dos anúncios anteriores de tarifas feitos por Trump a outros países. "Até agora, as cartas tarifárias de Trump têm sido quase idênticas (...), mas a carta dirigida ao presidente do Brasil é marcadamente diferente", escreveu o veículo, que também comparou os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília à invasão do Capitólio dos EUA em 2021.
Já a BBC destacou que Trump "ameaça o Brasil com tarifa de 50%" e “exige o fim do julgamento de Bolsonaro”. Segundo a emissora britânica, o documento sinaliza um tom muito mais direto e politizado do que o habitual: “A mensagem para o Brasil é uma missiva muito mais direcionada”.
Nos Estados Unidos, o The New York Times foi categórico: “o esforço de Trump para usar tarifas como ferramenta de intervenção em um julgamento criminal em país estrangeiro é um exemplo extraordinário de como ele vê os impostos como um porrete que serve para todos”.
A rede CNBC também afirmou que a carta “vai mais longe do que as demais” e “impõe uma nova tarifa explicitamente como punição por questões políticas e judiciais internas”. A emissora ressaltou ainda a incoerência da justificativa econômica: apesar de Trump alegar prejuízo no comércio com o Brasil, os EUA registraram superávit de US$ 7,4 bilhões com o país em 2024.
Segundo o Financial Times, a nova tarifa representa uma resposta agressiva aos desdobramentos do julgamento de Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado. “Donald Trump disse que o Brasil estaria sujeito a tarifas de 50%, acusando o país de tratar injustamente o ex-presidente Jair Bolsonaro”, destacou o jornal britânico.
A agência Bloomberg classificou a carta como uma “dramática intensificação” das críticas de Trump às políticas internas e externas do presidente Lula, e o Washington Post afirmou que a medida “expõe como questões pessoais, e não apenas econômicas, norteiam o uso de tarifas comerciais por Trump”.
“O gesto de Trump mostra que relações pessoais e alinhamentos políticos seguem pesando mais do que fundamentos econômicos nas decisões tarifárias”, escreveu o jornal americano.
A decisão foi descrita como uma “guerra comercial repentina” entre os dois maiores países das Américas, segundo o The New York Times, que também alertou: “O conflito tem potencial para gerar consequências econômicas e políticas significativas, sobretudo para o Brasil”.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Entre os principais produtos exportados para o mercado americano estão:
Petróleo bruto
Café
Suco de laranja
Ferro e aço
Produtos agroindustriais diversos
As tarifas de 50% dobram a alíquota inicialmente anunciada em abril (10%) e afetam diretamente os exportadores brasileiros, principalmente os setores agrícola e de commodities minerais.
No documento enviado a Lula, Trump se refere ao processo criminal contra Bolsonaro como “caça às bruxas” e critica o STF por supostos ataques à liberdade de expressão. O teor da carta reforça o alinhamento ideológico entre Trump e Bolsonaro e busca pressionar o governo brasileiro a rever os desdobramentos judiciais do caso.
Na América Latina, o jornal argentino El Clarín classificou o gesto como uma “medida drástica” que mistura “motivações políticas e econômicas”. Segundo o periódico, Trump aplicou ao Brasil uma tarifa muito acima da média de 10% usada para países vizinhos e deu início a uma disputa comercial de grande escala entre governos de espectros opostos.
The Guardian: “A carta destemperada enviada a Lula destoa dos padrões anteriores”.
NYT: “Trump vê tarifas como instrumento universal de coerção”.
CNBC: “Imposição punitiva por questões políticas internas de outro país”.
Washington Post: “Decisão guiada por alinhamentos pessoais, e não pela lógica econômica”.
El Clarín: “Guerra comercial se instala entre os dois maiores países do continente”.
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