Política / Sociedade
Câmara aprova ampliação gradual da licença-paternidade para 20 dias a partir de 2027
Projeto custeado pela Previdência Social prevê aumento escalonado e condiciona expansão final ao cumprimento das metas fiscais do governo
05/11/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (4), o projeto de lei que amplia gradualmente a licença-paternidade no Brasil, estabelecendo aumento do benefício de cinco para até 20 dias entre 2027 e 2029. O texto, relatado pelo deputado Pedro Campos (PSB-PE), segue agora para análise do Senado Federal.
Atualmente, a licença-paternidade é de cinco dias corridos. Pelo novo texto:
Em 2027, o benefício subirá para 10 dias;
Em 2028, passará a 15 dias;
E em 2029, chegará a 20 dias, desde que o governo atinja as metas fiscais previstas para 2027.
O custeio será feito pela Previdência Social, e não mais pelas empresas, com o objetivo de evitar resistência do setor privado e igualar as condições da licença-maternidade, que já é financiada pelo governo. As empresas pagarão o salário durante o afastamento e depois serão ressarcidas pela Previdência, com possibilidade de compensação via tributos federais — especialmente para pequenos empreendedores.
A votação foi simbólica, sem registro nominal dos votos. Apenas o partido Novo e o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) se manifestaram contra.
O projeto teve apoio do governo Lula (PT), que o vê como vitrine social e eleitoral, e contou com ampla adesão da bancada feminina e de parlamentares de diferentes espectros ideológicos — entre eles Tabata Amaral (PSB-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Chris Tonietto (PL-RJ).
A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) se reuniu com os defensores da proposta na segunda-feira (3), reforçando o apoio do Planalto à medida.
“A grande vitória foi quadruplicar a licença-paternidade por consenso, dando força política para que o Senado aprove esse texto”, declarou Pedro Campos.
A ampliação será gradual e condicionada ao equilíbrio das contas públicas. O impacto previsto é de:
R$ 3,3 bilhões em 2027,
R$ 4,35 bilhões em 2028,
R$ 5,44 bilhões em 2029.
Caso o governo descumpra as metas fiscais, a licença permanecerá em 15 dias.
Entre as fontes de custeio estão o Rearp (Regime Especial de Atualização e Regularização Patrimonial) — aprovado recentemente pela Câmara — e o projeto de corte linear de 10% em benefícios fiscais, ainda em tramitação.
O texto também garante:
Estabilidade no emprego por 30 dias após o retorno do trabalhador;
Inclusão de pais adotantes no benefício;
120 dias de afastamento ao pai em caso de falecimento da mãe;
Um terço a mais de licença para pais de crianças com deficiência;
Possibilidade de suspensão do benefício por decisão judicial em casos de violência doméstica ou abandono material.
A proposta original, de autoria da bancada feminina, previa licença de até 30 dias, mas foi reduzida após pressões da bancada empresarial e industrial. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mediou o acordo que possibilitou a votação.
“Muitos não entendem a importância da divisão justa do trabalho de cuidado. A resistência é cultural”, afirmou Pedro Campos.
“Ser pai é estar presente. Agora teremos 20 dias para provar que isso ainda é pouco”, acrescentou Tabata Amaral.
O líder do Novo, Marcel Van Hattem (RS), criticou o texto, alegando que poderia onerar o Estado e afetar a empregabilidade masculina.
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) deve ser o relator do projeto no Senado, por já analisar proposta semelhante.
“Mesmo longe do ideal, o texto aprovado representa um grande avanço”, avaliou Vieira.
A medida atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que cobrou do Congresso a regulamentação da licença-paternidade, prevista na Constituição de 1988 e pendente há 36 anos.
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