Política / Eleições 2026
Bolsonarismo enfrenta nova tentativa de sucessão interna, e filhos de Jair Bolsonaro reagem para manter controle da direita
A menos de 11 meses das eleições de 2026, governadores, deputados e influenciadores disputam espaço enquanto Bolsonaro segue preso e inelegível
17/11/2025
10:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O bolsonarismo vive, pela segunda vez, um movimento de tentativa de debandada interna, marcado por disputas silenciosas pela liderança da direita e por reposicionamentos estratégicos de figuras políticas relevantes. A menos de um ano das eleições de 2026, grupos buscam herdar o espaço deixado por Jair Bolsonaro, preso e inelegível, enquanto a família do ex-presidente age publicamente para conter avanços de potenciais sucessores.
Diferentemente da primeira geração de dissidentes — como Joice Hasselmann e Janaina Paschoal, que romperam frontalmente com Bolsonaro e foram esmagadas eleitoralmente — a nova leva adota um movimento mais cauteloso: mantém reverência ao ex-presidente enquanto se apresenta ao público com um discurso mais moderado e pragmático.
A união do centrão, setores do empresariado e parte da elite financeira em torno do nome de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) é hoje a face mais visível da tentativa de reorganização da direita.
Junto a ele, outros governadores — Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG) — articulam, de forma discreta, alternativas ao domínio político da família Bolsonaro.
O grupo também tem contado com a aproximação de Claudio Castro (PL-RJ), que viu sua popularidade crescer após operações policiais de grande impacto no Rio de Janeiro.
Com o ex-presidente preso, os filhos mais velhos — Flávio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro — têm atuado para preservar a hegemonia da família na direita.
Eles cobram publicamente:
lealdade ao pai,
ações concretas de defesa,
e reconhecimento da hierarquia interna do movimento.
Em entrevista à Jovem Pan, Eduardo Bolsonaro mandou um recado explícito:
“Ao se retirar o Jair Bolsonaro da equação, não encontra-se um outro líder que aglutine todo mundo. O que não queremos é que as pessoas levem gato por lebre.”
A crítica tem alvo claro: Tarcísio de Freitas, governadores da direita e deputados que, segundo eles, tentam se beneficiar do capital político bolsonarista sem defender Bolsonaro nos tribunais.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) — o mais votado do país em 2022, com forte presença digital — tornou-se foco de críticas do núcleo bolsonarista.
Uma postagem compartilhada por Eduardo Bolsonaro afirmava:
“Nikolas quer se livrar do Bolsonaro. Eles querem continuar sendo eleitos pelos bolsonaristas, mas sem prestar contas ao presidente.”
A resposta de Nikolas foi indireta: publicou vídeos ao lado de Jair Bolsonaro, que já acumulavam mais de 15 milhões de visualizações.
A decisão de enviar Carlos Bolsonaro para disputar o Senado por Santa Catarina abriu uma crise interna no bolsonarismo do estado.
A principal voz contrária é a deputada Ana Campagnolo (PL-SC), que critica a imposição da candidatura.
Os filhos de Bolsonaro reagiram, acusando dissidentes de deslealdade e afirmando que:
“Quem não concordar deve romper abertamente.”
A dissidência atual não repete o confronto frontal do passado.
A experiência de 2019–2022, quando Joice Hasselmann, Alexandre Frota, Janaína Paschoal e outros perderam força eleitoral após desafiar o ex-presidente, deixou lições importantes:
romper com Bolsonaro significa perder o eleitor bolsonarista.
A exceção que reacendeu a disputa ocorreu na eleição de São Paulo, em 2024, quando Pablo Marçal quase superou o candidato oficial do bolsonarismo, Ricardo Nunes (MDB) — mesmo desobedecendo ordens diretas do clã.
Segundo aliados próximos, a família trabalha para impedir que Tarcísio assuma a dianteira no campo da direita.
Um exemplo é a mensagem enviada por Eduardo Bolsonaro ao pai sobre o governador de SP:
“Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo você se ferrar e se aquecendo para 2026.”
Para Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada na Câmara:
“Se passarem o bastão antes, colocam Bolsonaro no ostracismo, o que complica a eleição da extrema direita.”
Segundo ele, parte da direita teme ser engolida pelo centrão caso mantenha fidelidade absoluta a Bolsonaro.
Tarcísio de Freitas (SP)
Ronaldo Caiado (GO)
Ratinho Jr. (PR)
Romeu Zema (MG)
Claudio Castro (RJ)
Acusados por Carlos e Eduardo Bolsonaro de agirem como “ratos” tentando herdar o espólio de Bolsonaro.
Favorito do centrão e do mercado financeiro para 2026.
É visto como o principal ponto de tensão com o clã Bolsonaro.
Causa racha no PL catarinense, especialmente com Ana Campagnolo.
Acusado de neutralidade excessiva e de tentar se “descolar” de Bolsonaro.
(Resumo com dados e nomes destacados)
Antes: 1 milhão de votos em 2018.
Depois: 13.679 votos em 2022; menos de 2 mil em 2024.
Antes: Eleito deputado com votação expressiva.
Depois: Mandato cassado em 2025.
Antes: Deputada estadual mais votada da história de SP.
Depois: 4º lugar para o Senado; eleita vereadora em 2024.
Antes: Slogan “BolsoDoria” em 2018.
Depois: Saiu da política partidária.
Antes: Eleito com apoio do grupo de Flávio Bolsonaro.
Depois: Impeachment em 2021.
Antes: Peça-chave da campanha de 2018.
Depois: Demitido; morreu em 2020.
Antes: General e ministro central do governo.
Depois: Rompeu; não se viabilizou eleitoralmente.
Antes: Ministro da Saúde.
Depois: Derrotado para o Senado por Tereza Cristina (PP-MS).
Antes: “Superministro”.
Depois: Rompeu e voltou ao bolsonarismo; eleito senador.
Antes: Símbolo ideológico do governo.
Depois: 4 mil votos em 2022; pré-candidatura em 2024 naufragou.
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