POLÍTICA
Esquema de intimidação contra ministro Alexandre de Moraes é desvendado após tentativa de suborno e ameaças
Blogueiro bolsonarista Allan dos Santos teria oferecido US$ 5 milhões por provas contra o ministro do STF
14/09/2024
10:00
NAOM
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Polícia Federal desvendou um esquema de intimidação e coleta ilegal de dados pessoais contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, após uma série de tentativas de suborno e ameaças de morte enviadas à delegada Denisse Ribeiro. O plano foi organizado pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que teria oferecido uma recompensa de US$ 5 milhões em troca de provas contra o ministro.
A investigação teve início em março de 2024, quando Denisse Ribeiro, que liderou a Operação Acrônimo em 2015, recebeu um e-mail anônimo criptografado de um remetente identificado como "Tacitus". No e-mail, o autor sugeria que a delegada colaborasse com a chamada “Operação Spoiler”, que teria o apoio de Allan dos Santos. Além de mencionar o pagamento milionário, o remetente revelou que havia acessado ilegalmente dados pessoais de Alexandre de Moraes, da própria delegada Denisse e de José Auriemo Neto, sócio da construtora JHSF.
A relação entre o ministro e a construtora JHSF não era um fato novo. Durante a Operação Acrônimo, a Polícia Federal encontrou documentos que indicavam o pagamento de R$ 4 milhões da construtora a um escritório de advocacia associado a Moraes, entre 2010 e 2014. Embora o caso tenha sido arquivado, esses documentos ressurgiram em 2024, sendo utilizados pelos envolvidos no esquema para tentar constranger o ministro e intimidar agentes federais.
Além das tentativas de suborno, o remetente do e-mail passou a enviar mensagens ameaçadoras e comparações com figuras nazistas à delegada Denisse, numa escalada de intimidações. A Polícia Federal conseguiu rastrear o uso indevido do sistema Infoseg, ferramenta utilizada por servidores públicos para acessar informações confidenciais, revelando que dados pessoais das vítimas foram consultados várias vezes por diferentes funcionários. Esses acessos ilegais reforçaram a gravidade do caso, já que informações sensíveis eram usadas para ameaçar as autoridades envolvidas.
O blogueiro Allan dos Santos, conhecido por apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e por ataques frequentes ao STF, foi apontado como o principal articulador da campanha contra Moraes e os agentes federais. O esquema incluía a promessa de pagamento em troca de provas que comprometessem o ministro e o uso de informações pessoais obtidas de forma ilícita para ameaçar os envolvidos na investigação.
Em resposta às revelações, o Ministério da Justiça afirmou que colabora integralmente com a investigação e que o sistema Infoseg é monitorado constantemente para evitar acessos irregulares. No entanto, especialistas criticaram a falta de controles mais rígidos na proteção de dados sensíveis, sugerindo que o sistema precisa de medidas de segurança mais robustas para evitar novos abusos.
A construtora JHSF, que teve seu nome mencionado no esquema, confirmou que os pagamentos a Moraes estavam relacionados a honorários legais e não continham qualquer irregularidade. A empresa se mostrou confiante na atuação das autoridades para esclarecer o caso e afirmou que prestará toda a assistência necessária durante as investigações.
A operação que revelou o esquema de Allan dos Santos trouxe à tona debates sobre a fragilidade do sistema de proteção de dados no Brasil e sobre a segurança de autoridades que atuam na linha de frente em casos de alta relevância política. O desenrolar da investigação pode trazer novas implicações tanto para os envolvidos quanto para a estrutura de segurança digital do país.
A Polícia Federal continua com as investigações, e o Ministério da Justiça reafirma seu compromisso em garantir a punição dos responsáveis.
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