Palmas (TO), Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025

POLÍTICA

Lula pede 'cumplicidade' de Legislativo e Judiciário no esforço de corte de gastos

O presidente afirmou que o ajuste fiscal deve contar com a participação do Congresso e de empresários, além de desafiar o mercado financeiro

12/11/2024

09:45

NAOM

DA REDAÇÃO

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou "cumplicidade" dos Poderes Legislativo e Judiciário nas medidas para o corte de gastos e afirmou que vai vencer "outra vez" a "gana especulativa do mercado financeiro". Lula destacou que o esforço pelo ajuste fiscal precisa contar com a participação do Congresso e dos empresários.

"Se eu fizer um corte de gasto para diminuir a capacidade de investimento do Orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Eu não sei se vão aceitar", afirmou Lula, em entrevista ao podcast PODK Liberados, apresentado pelos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF).

A entrevista foi gravada na última quarta-feira (6) e exibida pela RedeTV! e no YouTube na noite de domingo (10). Lula afirmou que o ajuste fiscal é uma responsabilidade dos Poderes Executivo e Judiciário e questionou se o Congresso também estaria disposto a fazer cortes. "Quero saber se estão dispostos a fazer corte naquilo que é excessivo, se o Congresso está disposto também a fazer um corte nos gastos, porque aí fica uma parceria e uma cumplicidade para o bem, para que todo mundo faça o sacrifício necessário para a gente colocar a economia em ordem", disse.

Mercado e ruralistas

Em outro ponto da entrevista, o presidente voltou a provocar o mercado financeiro, afirmando que vencerá a "gana especulativa". "Eu vejo o mercado falar bobagem todo o dia. Sabe, eu não acredito nisso, não, porque eu já venci eles uma vez e vou vencer outra vez. A economia vai dar certo porque o povo está participando do crescimento desse país", declarou Lula.

Lula afirmou também que não é mais considerado inimigo da bancada ruralista no Congresso. "Eles estão ficando mais sustentáveis e ambientalistas. Correm o risco de não conseguir vender sua soja, vender sua carne", disse o presidente. "O agronegócio nunca recebeu tanto dinheiro quanto no governo desse 'comunista', que eles tratam assim", acrescentou.

Além da bancada ruralista, a relação com o Congresso como um todo também melhorou, segundo Lula. "Vocês nos ajudaram a chegar aonde chegamos", disse o presidente aos dois senadores. "Estamos aprovando tudo." Ele ressaltou que vê como normal o fato de algumas propostas serem rejeitadas pelos parlamentares.

Venezuela e EUA

Ao falar sobre temas internacionais, Lula afirmou que a ditadura de Nicolás Maduro "é problema da Venezuela, não do Brasil". "Não posso ficar me preocupando em brigar com Nicarágua e Venezuela, preciso brigar para fazer esse país dar certo", disse o petista. Ele também afirmou que não cabe a ele questionar a Suprema Corte de outro país em relação à reeleição de Maduro, apesar das denúncias de fraude. "Quero que a Venezuela viva bem, e eu vou cuidar do Brasil."

Em relação aos Estados Unidos, o presidente afirmou que pretende manter uma relação de chefe de Estado com o presidente eleito Donald Trump, apesar das diferenças políticas. "Não cabe a mim gostar de Trump, cabe entender que o povo americano foi soberano para eleger seu presidente", disse Lula. "Espero que Trump trabalhe pela paz e pelo povo americano, e espero ter uma relação civilizada. Temos relação histórica com os Estados Unidos e queremos manter", relembrou o presidente, mencionando os bons contatos que manteve com George W. Bush e Barack Obama.

Outros temas

Lula também defendeu a recriação dos ministérios da Cultura e da Igualdade Racial, que haviam sido extintos nas gestões de Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB), respectivamente. "Estamos construindo isso porque achamos necessário. Durmo tranquilo com a certeza de que vamos consertar esse país", disse o presidente.

Sobre as apostas, Lula defendeu uma legislação rigorosa para as "bets" e citou denúncias de manipulação de resultados de jogos de futebol contra atletas brasileiros. "Não é possível que a gente tenha manipulação na sociedade brasileira", afirmou. "Esses meninos que estão jogando no exterior não têm que entrar em falcatrua. Também está em jogo que tipo de ser humano queremos", concluiu.


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