POLÍTICA
Quem é Mário Fernandes, o ex-auxiliar de Bolsonaro preso em operação da PF
Descrito como “um dos mais radicais”, o general da reserva Mário Fernandes é apontado como figura central no plano golpista e nos acampamentos antidemocráticos.
19/11/2024
13:45
G1
DA REDAÇÃO
Mario Fernandes é general da reserva — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Mário Fernandes, general de brigada da reserva e ex-ministro interino do governo de Jair Bolsonaro, foi preso nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal durante a Operação Contragolpe. Ele é acusado de ser uma das figuras centrais de um plano golpista que incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com as investigações, Fernandes foi responsável por elaborar o plano intitulado "Punhal Verde e Amarelo", que previa ações como o envenenamento de Lula e Moraes, além da criação de um "Gabinete Institucional de Gestão da Crise" para assumir o controle do país após o golpe.
Documentos recuperados pela PF mostram que o general redigiu uma minuta detalhando a estrutura do gabinete, com nomes como Augusto Heleno e Braga Netto para cargos de chefia. Segundo a PF, Fernandes era conhecido por seu perfil radical e liderança nos círculos golpistas.
Fernandes era descrito como o “ponto focal” entre o governo Bolsonaro e os acampamentos de apoiadores em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Ele trocava mensagens com os manifestantes, oferecia suporte logístico e financeiro e fornecia orientações sobre como proceder em protestos e bloqueios.
“Ele possuía elevado grau de influência e liderança no intento golpista”, apontou a PF, destacando que Fernandes era um dos contatos preferenciais de militares e civis envolvidos nas ações antidemocráticas.
Mário Fernandes iniciou sua carreira militar em 1983 na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e chegou ao posto de general de brigada em 2016. Entre 2018 e 2020, comandou o Comando de Operações Especiais, em Goiânia, responsável por treinar os chamados "kids pretos", grupo de elite do Exército.
Em 2020, foi para a reserva e assumiu cargos no governo Bolsonaro, incluindo o de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. Durante o período, exerceu em algumas ocasiões o papel de ministro interino.
A PF teve acesso a mensagens trocadas entre Fernandes e outros envolvidos, incluindo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em uma delas, Fernandes relata uma conversa com Bolsonaro em que o ex-presidente afirma que qualquer ação golpista poderia ser realizada até 31 de dezembro de 2022.
As mensagens também mostram preocupação de Fernandes com a possível desmobilização dos acampamentos golpistas, sugerindo ações mais radicais para evitar a perda de força do movimento.
Segundo os investigadores, o documento criado por Fernandes, nomeado “Fox_2017.docx”, detalha armamentos necessários, estratégias de execução e codinomes usados para as autoridades-alvo:
O documento foi encontrado em equipamentos associados ao Palácio do Planalto e reforça o envolvimento do general na trama.
Fernandes participou de reuniões estratégicas, como uma no Palácio do Planalto em julho de 2022, na qual defendeu ações golpistas antes das eleições para evitar a posse de Lula. Segundo ele, era melhor assumir “pequenos riscos” de instabilidade antes do pleito do que enfrentar as consequências após uma possível vitória da oposição.
A prisão de Fernandes e outros quatro envolvidos marca um avanço significativo na investigação da PF sobre os atos antidemocráticos e as tentativas de golpe de Estado. A operação ainda apura o financiamento e a extensão da rede envolvida na trama.
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