O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) anunciou, nesta quarta-feira (9), sua candidatura à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, marcando oficialmente uma disputa interna contra o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, nome apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a sucessão de Gleisi Hoffmann.

Com apoio de parlamentares petistas e setores críticos da tendência CNB (Construindo um Novo Brasil) — a mais influente do partido —, Falcão pretende reunir forças suficientes para levar a eleição para um segundo turno dentro do processo de escolha interna da legenda.

Nome histórico busca novo ciclo de liderança

Ex-presidente nacional do PT entre 2011 e 2017, Rui Falcão foi o antecessor direto de Gleisi Hoffmann no comando da sigla e é reconhecido por seu perfil estratégico e alinhamento ideológico com a esquerda tradicional do partido.

Na campanha presidencial de 2022, atuou como um dos coordenadores da candidatura de Lula, ao lado de Edinho Silva e de Sidônio Palmeira, atual ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Falcão também foi responsável pela articulação que garantiu o retorno da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT, viabilizando sua posição como vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo.

Divergência interna e resistência à candidatura de Edinho

Embora Edinho seja o preferido de Lula, sua candidatura não é consenso dentro da CNB, corrente que comanda o PT nacionalmente há décadas. Parlamentares e dirigentes de outras alas enxergam em Falcão uma alternativa mais combativa e independente, especialmente diante das exigências do cenário eleitoral de 2024 e das articulações para 2026.

Falcão tem mantido posições críticas em votações no Congresso, como demonstrado recentemente ao ser um dos três deputados do PT que votaram contra a PEC do Ajuste Fiscal, proposta enviada pelo próprio governo federal.

Eleição interna com cenário indefinido

A disputa pela presidência do PT ocorre em meio à preparação do partido para as eleições municipais de 2024, com foco em capitais estratégicas como São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Recife. A escolha do novo presidente da legenda será decisiva para definir o rumo da articulação nacional e o alinhamento com aliados do campo progressista.

“Rui Falcão traz um histórico de coerência com os princípios fundadores do PT, e representa a militância que deseja um partido mais próximo das bases”, avaliou um dirigente petista que apoia a candidatura alternativa.

A eleição interna será realizada por delegados escolhidos nas instâncias partidárias estaduais, com a expectativa de votação em duas etapas, caso nenhum nome obtenha maioria absoluta no primeiro turno.