Política / Justiça
Militar confirma autoria de plano com prisões no STF, mas diz que era ‘estudo de cenário’ e foi descartado
Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima admitiu à Justiça ter produzido o arquivo ‘Desenho Op Luneta’, que previa neutralizar ministros do Supremo, mas alegou que proposta foi hipotética e abandonada em dois dias
28/07/2025
17:00
DA REDAÇÃO
O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima (à dir.) e seu advogado durante interrogatório no STF (YouTube/TV Justiça/Reprodução)
O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, réu no núcleo 3 da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado, confirmou à Justiça Federal que é o autor do documento “Desenho Op Luneta.xlsx”, que propunha a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a neutralização da capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes, em caso de suposta fraude eleitoral.
O depoimento foi prestado nesta segunda-feira (27) ao juiz auxiliar Rafael Henrique, do gabinete do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, e à Procuradoria-Geral da República (PGR). O documento foi localizado pela Polícia Federal (PF) em um pen drive funcional utilizado por Lima, à época oficial de inteligência do Comando Militar do Sul.
O arquivo, que recebeu o título "Desenho Op Luneta", sugeria a prisão de “juízes supremos considerados geradores de instabilidade” e a mobilização de estruturas militares em resposta a uma eventual “comprovação de fraude” nas eleições de 2022.
Segundo o tenente-coronel, o conteúdo não passou de um "estudo de cenário prospectivo" e foi abandonado dois dias após ser apresentado ao general Fernando Soares, seu superior na época.
“Um desenho operacional desse daí, ainda mais esse prospectivo de dois níveis para cima, eu não tenho capacidade de implementá-lo”, declarou Lima.
“É um cenário totalmente hipotético. Não tem nada de ilegal”, completou, alegando que elaborar cenários era parte de sua função como militar da inteligência.
Hélio Ferreira Lima é formado no curso de Forças Especiais do Exército, sendo conhecido no meio militar como “kid preto”, designação dada a esse grupo de elite. Durante o interrogatório, ele reforçou que o conteúdo do plano nunca saiu do papel e não teve desdobramentos práticos.
O militar afirmou que não houve consulta à cadeia de comando do Exército e que a ideia partia de suposições extremas, caso as Forças Armadas encontrassem provas de fraude no pleito. A PGR, no entanto, investiga se o documento fazia parte de uma estratégia articulada para embasar juridicamente uma tentativa de ruptura institucional.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, considera que o arquivo encontrado no pen drive de Lima reforça a existência de núcleos organizados dentro das Forças Armadas que avaliavam caminhos para deslegitimar o resultado eleitoral de 2022, vencido por Luiz Inácio Lula da Silva.
Ferreira Lima integra o núcleo 3 da trama golpista, segundo a denúncia da PGR, que trata dos planejadores operacionais da tentativa de subversão da ordem constitucional.
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