Política / Justiça
Flávio Bolsonaro lidera ocupação no Senado e acusa Alcolumbre de ignorar oposição
Senador pressiona por anistia a bolsonaristas, impeachment de Moraes e diz que Davi Alcolumbre “sequer atende o telefone”
05/08/2025
15:50
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Em mais um capítulo da crescente tensão entre Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros parlamentares da oposição ocuparam a Mesa Diretora do Senado Federal nesta terça-feira (5), como forma de pressionar o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), a pautar projetos de interesse do grupo.
Entre as principais demandas estão o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, a anistia ampla e irrestrita aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e o fim do foro privilegiado. A ação ocorre um dia após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada por Moraes, devido ao descumprimento de medidas cautelares impostas pelo STF.
“Enquanto o presidente Davi Alcolumbre não atender às nossas demandas — porque sequer o telefone ele está atendendo — nós vamos permanecer aqui”, declarou Flávio Bolsonaro em entrevista à GloboNews.
Segundo o senador, a ocupação já conta com a adesão de mais de 12 senadores da oposição e deverá continuar por tempo indeterminado. “Nós vamos permanecer no plenário, se preciso for, e virar a noite”, reforçou.
Flávio Bolsonaro definiu as propostas defendidas pelo grupo como parte de um "pacote de paz" para o Brasil. O termo, no entanto, contrasta com o teor das ações: a mobilização inclui medidas de confrontação direta ao Judiciário, como o pedido de impeachment de Moraes, além de forte resistência à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ofensiva da oposição ocorre em meio à escalada da crise institucional envolvendo o Executivo, o Legislativo e o STF. O senador também comentou a imposição das tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — medida atribuída por analistas a pressões diplomáticas relacionadas aos inquéritos contra Bolsonaro no Brasil.
“Ninguém tem controle sobre o que o Trump está fazendo. O Eduardo [Bolsonaro] e nenhuma outra pessoa manipula o presidente Trump”, declarou Flávio.
O senador afirmou que a aprovação da anistia no Congresso seria um “gesto prático e importante” para sinalizar à Casa Branca a disposição brasileira em resolver as tensões bilaterais. Ele negou que Eduardo Bolsonaro tenha influenciado diretamente na decisão do governo norte-americano, mas afirmou que “a culpa do tarifaço” seria de Alexandre de Moraes e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Lula, a todo momento, hostiliza os Estados Unidos. Ele próprio fecha as portas para qualquer negociação e parece que quer que esse tarifaço chegue, porque está achando bom que o Brasil pague esse preço e que ele tenha algum benefício político com isso”, acusou.
Flávio também criticou duramente a atuação de Moraes: “A briga não é mais esquerda contra direita, é da direita contra a falta de bom senso das pessoas que estão tomando decisões e bagunçando a democracia”.
Até o momento, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não se pronunciou sobre a ocupação da Mesa Diretora nem sobre as reivindicações da oposição. O movimento liderado por Flávio Bolsonaro aprofunda a divisão política no Congresso e pressiona a cúpula do Legislativo a se posicionar frente ao avanço das decisões do STF sobre figuras centrais do bolsonarismo.
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