O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se reúne nesta quarta-feira (3) com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI), para discutir o projeto de anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado.

O encontro ocorre em meio à primeira semana de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o que aumenta a tensão política no Congresso.

Resistência de Motta

Apesar da pressão, Hugo Motta tem resistido em pautar uma anistia ampla. O presidente da Câmara teme confronto direto com o STF e já afirmou a aliados que não pretende votar a urgência ou o mérito da proposta durante o julgamento.

Segundo interlocutores, Motta avalia que aprovar um texto de anistia agora poderia resultar em desgaste institucional, já que o Supremo poderia derrubar a medida, gerando crise entre os Poderes.

Tarcísio assume protagonismo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se tornou o principal articulador político da anistia após ser alvo de críticas do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que o acusou de deslealdade por se colocar como alternativa da direita para a sucessão presidencial de 2026.

A expectativa do grupo é que, ao liderar a bandeira da anistia, Tarcísio consiga aproximar-se da base bolsonarista e conquistar apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje inelegível.

Apoio do Centrão e cálculos para 2026

O PP e o União Brasil, partidos recém-federados, aderiram quase integralmente ao projeto. A federação rompeu oficialmente com o governo Lula e aposta em uma candidatura única da direita em 2026.

• Ciro Nogueira, presidente do PP, trabalha para viabilizar o nome de Tarcísio como presidenciável e já articula para ser o vice na chapa.

• Para ele, a aprovação da anistia é um caminho para amarrar o apoio de Bolsonaro ao governador paulista.

Frente evangélica em ação

Além da reunião em Brasília, Tarcísio terá à noite um jantar em São Paulo com o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o pastor Silas Malafaia, da Igreja Vitória em Cristo. Ambos atuam como principais articuladores da anistia no Congresso, pressionando Motta a colocar o texto em votação já na próxima semana, após o STF anunciar o destino de Bolsonaro.