Política / Justiça
Valdemar admite planejamento de golpe e atrapalha articulação de Tarcísio por anistia a Bolsonaro
Declaração do presidente do PL enfraquece movimento bolsonarista e força governador de São Paulo a cancelar viagem a Brasília
15/09/2025
14:15
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
O campo bolsonarista iniciou a semana em descompasso político. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, admitiu publicamente, no último sábado (13), que houve um planejamento de golpe de Estado no Brasil, em contradição à narrativa adotada até então pelos aliados de Jair Bolsonaro. A fala ocorre no momento em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), articulava em Brasília um movimento para aprovar a anistia aos condenados pelos atos golpistas.
A declaração de Valdemar foi vista como um “tiro no pé” dentro do próprio grupo político. Interlocutores do ex-presidente avaliaram que a admissão dá “munição” ao governo e à base governista para se opor ainda mais à anistia.
“Valdemar, mais uma vez, fez um 'sincericídio', deu munição para os governistas se articularem contra a anistia”, disse um aliado de Bolsonaro.
O governador Tarcísio tinha viagem marcada nesta segunda-feira (15) para Brasília, onde buscaria destravar as negociações no Congresso em favor da anistia. Porém, após a repercussão negativa da fala de Valdemar, a agenda foi cancelada ainda na manhã de hoje.
Aliados próximos afirmam que o governador recebeu a declaração como uma “bola nas costas”, já que vinha se desgastando nas últimas semanas para convencer parlamentares a apoiar a medida.
Durante um painel de debates em Itu (SP), ao lado do presidente do PSD, Gilberto Kassab, Valdemar Costa Neto criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de condenar Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Embora tenha classificado a pena como “exagerada”, afirmou que deveria ser respeitada.
Na sequência, surpreendeu ao reconhecer que houve um plano golpista:
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil, a lei diz o seguinte: ‘Se você planejar um assassinato, mas não fez nada, não tentou, não é crime’. O golpe não é crime”, declarou.
Ele ainda minimizou os ataques de 8 de Janeiro de 2023:
“O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só, que absurdo, camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente e eles falam que aquilo é golpe.”
A fala de Valdemar surge dias após a condenação de Bolsonaro e no momento em que a base bolsonarista tenta viabilizar uma anistia ampla no Congresso para beneficiar o ex-presidente e seus aliados.
Com a contradição pública do líder do PL, o movimento perde força e aumenta o desgaste de Tarcísio, nome cotado para disputar a presidência em 2026 com o aval do bolsonarismo.
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