Política / Justiça
Bolsonaristas pressionam por anistia ampla e veem relator Paulinho da Força com desconfiança
Deputados do PL querem incluir perdão a Jair Bolsonaro no texto; relator defende redução de penas e aproximação com STF e Senado
19/09/2025
08:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Deputados bolsonaristas se mobilizam para ampliar o alcance do projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, defendendo que o texto também contemple o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão. O grupo, no entanto, demonstra desconfiança em relação ao relator da proposta, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), aliado histórico do sindicalismo, ex-apoiador de Lula e próximo ao ministro Alexandre de Moraes.
Paulinho declarou nesta quinta-feira (18) que pretende apresentar um texto voltado à redução de penas, e não a uma anistia ampla. Segundo ele, a proposta deve ser construída em diálogo com o Senado e o STF, buscando uma solução “de meio-termo” que permita a pacificação política.
Apesar da resistência, bolsonaristas evitam ataques diretos ao relator e falam em “manter diálogo”, tentando convencê-lo a incluir o perdão total, inclusive a Bolsonaro. Caso não consigam, planejam apresentar emendas e destaques em plenário.
O deputado Zé Trovão (PL-SC) disse que, se o relator apresentar um texto “conforme o desejo do STF”, o PL tentará emplacar destaques que contemplem a anistia plena:
“Vamos ver se a Câmara vai decidir votar uma anistia que não é anistia ou se realmente quer pacificar o Brasil”, afirmou.
Nas redes sociais, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), reforçou que a prerrogativa do Congresso é conceder anistia, graça ou indulto (artigo 48 da Constituição), não reduzir penas — o que seria papel exclusivo do Judiciário.
“É hora de dialogar sobre o texto que devolva justiça e pacificação ao país”, declarou.
A votação expressiva de 311 deputados a favor da urgência do projeto animou o PL, que vê espaço para avançar com sua tese. No entanto, líderes de partidos como União Brasil, PP, Republicanos e PSD afirmam que apoiam a redução de penas, mas não dariam votos suficientes para uma anistia ampla.
Essas legendas já se articulam em torno da candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para 2026 e acreditam que a redução da pena de Bolsonaro poderia levá-lo a apoiar o governador paulista.
Enquanto Sóstenes Cavalcante saiu em defesa de Paulinho, classificando-o como “crítico ferrenho do governo Lula”, outros líderes, como Marcel Van Hattem (Novo-RS), insistem em defender uma “anistia total”. Ele declarou que o relator pode mudar de posição após ouvir deputados da direita e que, em última instância, a Câmara pode aprovar emendas em plenário.
“A Câmara pode tirar esse tema do debate presidencial do ano que vem e pacificar as relações, anistiando o ex-presidente já agora”, disse Van Hattem.
Na mesma linha, Domingos Sávio (PL-MG) afirmou que anistiar crimes contra o Estado democrático de Direito não seria inconstitucional e que o número de votos já favoráveis à urgência contradiz o argumento do centrão de que a anistia ampla não teria apoio.
Paulinho da Força já chamou os envolvidos nos atos de “terroristas”, mas desde então rompeu com o governo e tem feito críticas ao presidente Lula. O movimento bolsonarista aposta nessa nova postura para tentar ampliar o alcance do projeto.
A expectativa é de que o texto final chegue ao plenário nos próximos dias, colocando à prova a capacidade de articulação entre Centrão, PL, oposição e STF em torno de um tema que divide o Congresso e a sociedade.
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