Palmas (TO), Sexta-feira, 19 de Setembro de 2025

Política / Justiça

PEC da Blindagem: casamento entre Centrão e bolsonarismo é “perverso para o Brasil”, avalia Fernando Abrucio

Cientista político da FGV classifica votações da semana como o pior momento da Câmara desde a redemocratização

19/09/2025

09:45

DA REDAÇÃO

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A aprovação da PEC da Blindagem e do regime de urgência para o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro — que passou a ser chamado de PL da Dosimetria — marcou, segundo analistas, um dos episódios mais críticos do Congresso nos últimos anos.

Em entrevista ao podcast O Assunto, do g1, o cientista político Fernando Abrucio, professor da FGV-SP, afirmou que as votações representam um “casamento perverso” entre o Centrão e o bolsonarismo, unindo objetivos distintos, mas complementares:

“Um quer garantir a possibilidade de chegar ao poder sem respeitar a democracia. O outro quer continuar sendo a grande balança do poder, ganhando direitos antirrepublicanos e imunidades que não existem em nenhuma democracia. Esse casamento de ocasião é perverso para a sociedade brasileira”, disse Abrucio.

O que muda com a PEC da Blindagem

Aprovada em votação rápida na Câmara, a proposta amplia as proteções legais de deputados e senadores em processos cíveis e criminais, dificultando a responsabilização da classe política. Entidades da sociedade civil e especialistas consideram a medida um retrocesso democrático, criando uma “casta” de parlamentares acima da lei.

A proposta ainda precisa ser analisada pelo Senado, onde serão necessários 49 votos em dois turnos. A expectativa é de maior resistência, já que, em 2026, dois terços das cadeiras serão renovadas — fator que pode influenciar o cálculo político dos senadores diante da pressão popular.

Reações e impacto político

Nas redes sociais, a PEC foi apelidada de “PEC da Bandidagem”, alcançando os assuntos mais comentados. Para Abrucio, a repercussão pode ter efeito direto nas urnas:

“Muita gente do Centrão vai perder voto e quem se aliar a ele, inclusive candidatos presidenciais. Existe o medo de investigações e, sobretudo, o receio de perder o grande líder eleitoral da direita, que é Jair Bolsonaro”, afirmou.

O cientista político avaliou ainda que a nomeação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como líder da minoria simboliza essa aproximação entre o Centrão e o bolsonarismo, sustentada pelo temor de processos e pela busca de impunidade.

Crise institucional

Abrucio classificou o atual cenário como o “pior momento da Câmara desde a redemocratização”, com reflexos não apenas para a população, mas também para o relacionamento entre os três Poderes.

“Há um descolamento que fragiliza o Executivo e o Judiciário e coloca em xeque a confiança no Legislativo”, concluiu.


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