Economia / Relações Internacionais
Lula destaca papel do Brasil na transição energética e defende parceria comercial equilibrada com a Indonésia
Presidente apresenta potencial do país em biocombustíveis, minerais críticos e proteção de florestas durante o Fórum Empresarial Brasil–Indonésia
23/10/2025
12:15
DA REDAÇÃO
O presidente Lula durante encontro que reuniu mais de 100 empresários brasileiros e indonésios: estímulo às parcerias e a uma relação comercial equilibrada ©Ricardo Stuckert / PR
Durante discurso no Fórum Empresarial Brasil–Indonésia, realizado nesta quinta-feira (23) em Jacarta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou o protagonismo do Brasil na transição energética global e defendeu a construção de uma parceria comercial equilibrada e duradoura com o país asiático.
A menos de um mês da COP30, que ocorrerá em Belém (PA), Lula destacou que o Brasil reúne condições únicas para liderar o novo ciclo verde de desenvolvimento, graças à combinação de estabilidade fiscal, jurídica e política com riquezas naturais e tecnológicas.
“O Brasil não quer apenas vender para a Indonésia. Apostamos em uma parceria equilibrada e mutuamente benéfica. Como dois dos maiores produtores de bioenergia do mundo, podemos criar juntos um mercado global de biocombustíveis”, afirmou o presidente.
Lula lembrou que apenas 30% da riqueza mineral brasileira está mapeada, mas que isso já garante ao país posição estratégica na geopolítica da transição energética.
“Contamos com 10% das reservas mundiais de minerais críticos, essenciais para a transição energética”, afirmou.
O presidente anunciou a criação do Conselho Nacional de Minerais Críticos, vinculado à Presidência da República, para garantir soberania e sustentabilidade na exploração desses recursos.
“Não pretendemos reproduzir a condição de meros exportadores de commodities. Queremos agregar valor em nosso território, com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades locais”, destacou Lula.
Na área de biocombustíveis, o presidente defendeu que Brasil e Indonésia, ambos líderes na produção de bioenergia, podem liderar um novo mercado global e pressionar organismos internacionais a acelerar a descarbonização.
“A Organização Marítima Internacional não pode adiar eternamente a decisão de descarbonizar o setor. O biocombustível de etanol é uma alternativa viável e imediatamente disponível”, declarou Lula.
Mais cedo, o presidente foi recebido em visita de Estado pelo presidente indonésio Prabowo Subianto, no Palácio Merdeka, onde discutiu temas como energia limpa, comércio agrícola e investimentos bilaterais.
Entre as iniciativas ambientais, Lula reforçou o papel do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado oficialmente durante a COP30.
“Vamos mostrar que é possível promover desenvolvimento, enfrentar a mudança do clima e proteger as florestas tropicais e sua biodiversidade. O apoio da Indonésia ao fundo tem sido fundamental”, afirmou.
O Brasil já depositou US$ 1 bilhão no fundo, que pretende criar um novo modelo global de financiamento ambiental, com foco na preservação das florestas tropicais e na redução das emissões globais de carbono.
Lula reafirmou o caráter universalista da diplomacia brasileira, defendendo o fortalecimento das relações econômicas com diferentes regiões.
“Meu governo está recuperando a capacidade de planejamento do Estado e trabalhando para atrair cada vez mais investimentos. Queremos expandir nossas relações com o mundo, sem alinhamentos automáticos”, afirmou.
O presidente também ressaltou que o Brasil trabalha para ampliar o comércio com o Sudeste Asiático e pretende avançar nas negociações para um acordo entre o Mercosul e a Indonésia.
“Em dezembro de 2023 fechamos acordo com Singapura. Agora, vamos avançar para um acordo de comércio preferencial entre Mercosul e Indonésia”, informou.
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia, Anindya Bakrie, destacou o enorme potencial conjunto das duas economias.
“Juntas, as populações somam quase meio bilhão de pessoas e um PIB combinado de US$ 4 trilhões. Queremos acelerar os investimentos e fortalecer os negócios com base em sustentabilidade e inovação”, disse Bakrie.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, ressaltou que o Brasil oferece ambiente de previsibilidade e segurança jurídica para investidores.
“O país está preparado para receber investimentos e ampliar parcerias com base em inovação e sustentabilidade”, afirmou.
A Indonésia é atualmente o 16º maior destino das exportações brasileiras e o 5º no setor do agronegócio, com fluxo comercial recorde de US$ 6,3 bilhões em 2024 — sendo US$ 2,6 bilhões de superávit para o Brasil. Os principais produtos exportados são farelo de soja (37%) e açúcares (37%).
Esta é a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro ao país desde 2008, quando foi criada a Parceria Estratégica Brasil–Indonésia, a primeira do Brasil no Sudeste Asiático. O relacionamento tem se intensificado, com acordos recentes nas áreas de defesa, bioenergia, comércio, turismo e desenvolvimento sustentável.
A visita integra a agenda asiática de Lula, que inclui também visita oficial à Malásia e participação na 47ª Cúpula da ASEAN, entre 26 e 28 de outubro, em Kuala Lumpur.
As relações entre o Brasil e o bloco ASEAN cresceram expressivamente nos últimos 20 anos — de US$ 3 bilhões em 2002 para US$ 37 bilhões em 2024. O grupo responde por 20% do superávit comercial brasileiro, consolidando-se como quinto maior parceiro econômico do país no mundo.
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