Política / Senado Federal
Alcolumbre pauta PL da Dosimetria no Senado mesmo sob pressão por adiamento
Projeto que reduz penas e altera regras de progressão de regime deve ser analisado nesta semana, mas enfrenta resistências na CCJ
15/12/2025
10:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Mesmo diante de forte pressão por adiamento, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), decidiu pautar para esta quarta-feira (17) a análise do Projeto de Lei da Dosimetria no plenário da Casa. A proposta, no entanto, ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde há resistências ao texto e possibilidade de pedido de vista, o que pode adiar a votação para 2026 — embora o regimento permita vistas de curta duração.
O projeto trata da redução de penas e da alteração das regras de progressão de regime para condenados, incluindo os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. Entre os possíveis beneficiados está o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.
A pressão para postergar a análise vem tanto de senadores da base governista quanto da oposição, que demonstram preocupação em associar seus nomes a um projeto com alto custo político, especialmente por seus efeitos que extrapolam os crimes ligados diretamente ao 8 de Janeiro.
Parlamentares temem que o texto beneficie condenados por outros crimes, não relacionados aos atos antidemocráticos, o que ampliaria o alcance da proposta para além do discurso inicial.
O projeto altera regras centrais do Código Penal, especialmente no que se refere à progressão de regime, mecanismo que permite ao condenado avançar para regimes mais brandos mediante bom comportamento.
Entre os principais pontos do texto estão:
Progressão de regime após o cumprimento de 1/6 da pena, em vez do atual 1/4;
A mudança não se aplica a crimes hediondos nem a réus reincidentes;
Fim da soma de penas para crimes contra o Estado Democrático de Direito, como tentativa de golpe e abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
Aplicação da progressão também a crimes como incêndio doloso, coação em processo e crimes ambientais, segundo a redação atual.
Esse último ponto é justamente o que gera maior controvérsia entre senadores.
Em entrevista à coluna do jornalista Igor Gadelha, no portal Metrópoles, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator do PL Antifacção aprovado no Senado, alertou para o risco de o texto ultrapassar o objetivo original.
“Existe um problema quando você muda a regra da progressão de regime tentando atingir apenas os envolvidos nos atos golpistas, mas acaba alcançando outros crimes”, afirmou Vieira, defendendo ajustes no texto aprovado pela Câmara.
Alcolumbre já havia anunciado a intenção de levar o projeto ao plenário no último dia 9 de dezembro, alegando compromisso com lideranças partidárias de dar andamento ao texto caso fosse aprovado pela Câmara dos Deputados — o que ocorreu na madrugada de 10 de dezembro.
O presidente do Senado defende a atualização da legislação penal sobre crimes contra as instituições democráticas, em linha com o substitutivo apresentado na Câmara pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que prioriza a aplicação da pena mais grave, e não a soma das condenações.
No fim de semana, o avanço do PL motivou manifestações em diversos estados. Os atos foram organizados pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúnem movimentos como o MST e o MTST.
Com o lema “Congresso Inimigo do Povo”, os protestos criticaram a tramitação do projeto e alertaram para o que os organizadores consideram uma tentativa de afrouxamento das punições para crimes contra a democracia.
Apesar da pauta definida, o destino do PL da Dosimetria permanece incerto. A resistência na CCJ, a possibilidade de pedidos de vista e o desgaste político indicam que a votação pode ser adiada ou sofrer alterações antes de chegar ao plenário.
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