Política / Justiça
STF autoriza retorno de Wanderlei Barbosa ao governo do Tocantins após três meses de afastamento
Nunes Marques derruba decisão do STJ que afastava o governador por suspeita de desvio em contratos de cestas básicas; ministro cita instabilidade política e falta de indícios contemporâneos para manter a medida
05/12/2025
13:20
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (5) o retorno imediato de Wanderlei Barbosa (Republicanos) ao cargo de governador do Tocantins. A decisão liminar suspende o afastamento imposto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que havia determinado a saída do mandatário por 180 dias em razão da investigação sobre supostos desvios de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.
Barbosa estava afastado desde setembro de 2025. A liminar, que ainda será analisada pela Segunda Turma do STF, foi concedida no âmbito de um pedido de habeas corpus. No despacho, Nunes Marques afirma que o afastamento de um chefe do Executivo exige “fundamentação robusta” e demonstração clara de necessidade, o que — segundo o ministro — não ficou comprovado.
O magistrado destacou ainda que a medida provocava “grave instabilidade política e jurídica” às vésperas de um ano eleitoral e frisou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) havia se manifestado contrária à manutenção do afastamento. Ele também apontou que os indícios apurados pela Polícia Federal não eram contemporâneos à decisão que retirou o governador do cargo.
“Os elementos indiciários recolhidos pela Polícia Federal não demonstraram risco concreto à aplicação da lei penal ou à ordem pública quando determinado o afastamento cautelar”, escreveu o ministro.
A defesa de Barbosa divulgou nota afirmando receber a decisão “com serenidade” e destacando que ela permite o retorno ao cargo para o qual o governador foi “legitimamente eleito”.
VICE ASSUMIU E FEZ MUDANÇAS NO GOVERNO
Durante os três meses de afastamento, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu o comando do Estado e promoveu mudanças imediatas, como a exoneração de todo o primeiro escalão. Ele também suspendeu um contrato de táxi aéreo utilizado pelo gabinete do governador afastado. Até o momento, Moreira não se manifestou sobre a decisão do STF.
ORIGEM DO AFASTAMENTO: DESVIOS NA PANDEMIA
Wanderlei Barbosa e a primeira-dama, Karynne Sotero, foram afastados em setembro por determinação do ministro Mauro Campbell, do STJ — decisão posteriormente ratificada pela Corte Especial. Eles são investigados por supostos desvios de verbas utilizadas entre 2020 e 2021 para a compra de cestas básicas durante a pandemia.
À época, Barbosa comandava a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), responsável pela execução do programa de auxílio alimentar. A Polícia Federal aponta que contratos teriam sido direcionados de forma ilícita e que Karynne teria atuado na organização documental e na distribuição das vantagens indevidas.
O inquérito apura os crimes de peculato, frustração ao caráter competitivo de licitação, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
NOVA OPERAÇÃO EM NOVEMBRO
Mesmo afastado, Barbosa se tornou alvo de uma nova ofensiva da Polícia Federal em 12 de novembro, durante a Operação Fames-19, que investiga tentativas de obstrução das apurações sobre o desvio das cestas básicas. A PF afirma que documentos e materiais de interesse do inquérito teriam sido removidos de prédios públicos utilizando veículos oficiais.
Durante o cumprimento dos mandados na residência do governador afastado, os policiais relataram ter encontrado televisão ligada e sinais de que o celular pessoal havia sido resetado pouco antes da chegada da equipe.
As investigações seguem sob sigilo no STJ.
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