POLÍTICA
Ex-comandante da Aeronáutica diz à PF que Bolsonaro foi avisado que poderia ser preso se insistisse em plano golpista
15/03/2024
11:00
G1
CAMILA BOMFIM
Ex-comandante da Força Aérea Brasileira, tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Junior — Foto: CECOMSAER/Divulgação
O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Jr., disse em depoimento à Polícia Federal que relatou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser contra as articulações para golpe de Estado.
E que o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, afirmou a Bolsonaro, em reunião com os comandantes das Forças Armadas, que teria que prender o ex-presidente se ele tentasse consumar o plano golpista.
"Que em uma das reuniões dos comandantes das Forças com o então presidente após o segundo turno das eleições, depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de institutos previstos na Constituição (GLO [Garantia da Lei e da Ordem], ou estado de defesa, ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República", disse.
O blog teve acesso aos depoimentos tomados no inquérito que trata sobre o plano golpista. O sigilo dos documentos foi retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta sexta-feira (15).
Baptista Jr. relatou à PF que o então comandante do Exército listou os atos contra a democracia que o levariam a ter que prender Bolsonaro.
Em outro trecho do depoimento, o ex-comandante da Aeronáutica relata uma outra reunião, em que ele próprio diz ter sido claro com Bolsonaro de que não toparia participar de nenhum plano golpista, e que não haveria qualquer hipótese de ele permanecer no cargo.
"Em outra reunião de comandantes das Forças com o então presidente da República, o depoente deixou evidente a Jair Bolsonaro que não haveria qualquer hipótese do então presidente permanecer no poder após o término do seu mandato. Que deixou claro ao então presidente Jair Bolsonaro que não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder", disse Baptista Junior à PF.
Baptista Jr. afirmou que esteve no Palácio da Alvorada cinco ou seis vezes após as eleições de 2022, para participar de reuniões com o então presidente e integrantes da cúpula das Forças Armadas.
Integrante da Comissão das Forças Armadas que acompanhava as eleições, Baptista Júnior também afirmou que o grupo recebeu da cúpula do governo Bolsonaro várias teses de fraudes no sistema eletrônico de votação. No entanto, todas foram rechaçadas pela comissão.
O Comandante da Aeronáutica disse ter constantemente alertado Bolsonaro de que não havia fraude na eleição.
Na quinta-feira (14), a revista "Veja" publicou trechos do depoimento do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes. A TV Globo também teve acesso às declarações.
Freire Gomes confirmou à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou a ele e aos outros comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto para instaurar um estado de defesa no TSE e "apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral" de 2022.
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