A Polícia Federal revelou que o plano golpista liderado pelo general da reserva Mário Fernandes, que previa o assassinato de Lula (PT) e do ministro do STF Alexandre de Moraes, foi articulado e colocado em prática em apenas nove dias. A operação teria começado após uma reunião no Palácio do Planalto, em 6 de dezembro de 2022, na reta final do mandato de Jair Bolsonaro (PL).

Investigação detalhada

O relatório da PF indica que o plano, chamado de “Punhal verde e amarelo”, envolveu a compra de celulares descartáveis, monitoramento da localização de Alexandre de Moraes e a formação de um grupo no aplicativo Signal com codinomes inspirados em países.

Cronologia do plano:

1. 6 de dezembro de 2022: Um documento com os detalhes do golpe foi impresso por Mário Fernandes no Palácio do Planalto, horas antes de uma reunião com o major Rafael de Oliveira, que teria vindo de Goiânia para um encontro com o tenente-coronel Mauro Cid.
2. 7 de dezembro: Rafael de Oliveira compra um iPhone 12 em dinheiro e o vincula ao codinome "Japão", realizando formatação completa do aparelho antes de usá-lo. Paralelamente, Mauro Cid começa a monitorar Alexandre de Moraes com o auxílio do coronel da reserva Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro.
3. 8 de dezembro: O grupo golpista, formado por militares, cria um chat no Signal chamado “Copa 2022”, com cada integrante utilizando um codinome baseado em países.
4. 15 de dezembro: O plano, que incluía a prisão de Alexandre de Moraes e a ocupação de Brasília com militares do 1º Batalhão de Ações de Comandos do Exército, é abortado.

Reunião com Bolsonaro

No mesmo período, registros da portaria do Palácio da Alvorada confirmam que o general Mário Fernandes se reuniu com Bolsonaro em 8 de dezembro, deixando o local após 40 minutos. A PF suspeita que o encontro tenha relação direta com o plano.

Contexto político e reação do governo

Em resposta aos eventos golpistas de janeiro de 2023, o governo Lula apresentou medidas legislativas, como:

• PEC para criação de uma Guarda Nacional para proteger a Esplanada dos Ministérios.
• Propostas para endurecer as penas por crimes contra o Estado democrático de direito e terrorismo.

No entanto, projetos prioritários, como o PL das Fake News e a criação da Polícia Ostensiva Federal (POF), permanecem parados no Congresso, segundo especialistas em segurança pública.

Mensagem dúbia de Bolsonaro

No dia seguinte ao cancelamento do plano, Bolsonaro rompeu semanas de silêncio e disse a apoiadores no Alvorada:
"Tudo dará certo em um momento oportuno. Conheço o temor de muitos aqui, mas todos nós temos família e precisamos refletir sobre o que fizemos ou deixamos de fazer para chegarmos à situação atual.”

As investigações continuam em andamento, com a PF buscando esclarecer as responsabilidades e conexões entre os envolvidos no plano de golpe.