Palmas (TO), Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025

POLÍTICA

Ministério da Justiça restringe atribuições da PRF com revogação de portaria do governo Bolsonaro

Nova norma impede atuação da Polícia Rodoviária Federal em funções exclusivas de outras polícias

18/12/2024

15:15

G1

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, assinou nesta quarta-feira, 18 de dezembro, uma portaria que revoga uma norma anterior do governo de Jair Bolsonaro, a qual ampliava os poderes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Restrição das funções da PRF

A nova portaria restringe a atuação dos policiais rodoviários federais, proibindo-os de desempenharem funções que são consideradas exclusivas da Polícia Federal e das Polícias Civis dos estados. Segundo o documento, "a PRF não poderá exercer funções próprias das polícias judiciárias nem proceder à apuração de infrações penais, cuja competência é exclusiva das polícias federal e civil".

Histórico e contexto da mudança

Durante o governo Bolsonaro, a PRF ganhou destaque e protagonismo em diversas operações, algumas das quais geraram controvérsias. Um exemplo foi a realização de blitze nas rodovias durante o segundo turno das eleições de 2022, o que, segundo críticas, atrapalhou o deslocamento de eleitores. Além disso, a PRF enfrentou acusações graves, como o caso envolvendo a morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Sergipe, durante uma abordagem na estrada.

Em 2021, sob a gestão de André Mendonça — atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) —, a PRF teve suas atribuições ampliadas para atuar em operações conjuntas com outras polícias, incluindo a possibilidade de "ingressar nos locais alvos de mandado de busca e apreensão" e "lavrar termos circunstanciados de ocorrência".

Impactos da nova portaria

Com a revogação da portaria anterior, a PRF voltará a suas funções originárias de polícia ostensiva nas rodovias federais, sem a capacidade de conduzir investigações ou apurar infrações penais, tarefas que permanecerão sob a responsabilidade das Polícias Federal e Civis.

Lewandowski explicou que a mudança visa adequar a PRF à PEC da Segurança Pública, uma das principais iniciativas de sua gestão, que prevê a criação de uma nova polícia ostensiva federal a partir da PRF. Segundo o ministério, não faz sentido manter a PRF com funções de polícia judiciária, alinhando-se assim à Constituição, que define claramente as atribuições de cada órgão de segurança pública.

Reações e futuros desdobramentos

Após a assinatura da nova portaria, Lewandowski comunicou ao diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, que será responsável pela edição da nova norma. A operação conjunta da PRF com outros órgãos de segurança pública, antes permitida pela portaria de Bolsonaro, agora estará sujeita a restrições mais rigorosas, exigindo autorização do diretor-geral apenas se "não causar prejuízo às atividades regulares" de patrulhamento nas estradas.

Conclusão

A revogação da portaria que ampliava os poderes da PRF representa um retorno às funções tradicionais da polícia rodoviária, reforçando a separação de competências entre os diferentes órgãos de segurança pública no Brasil. Essa medida busca garantir que cada instituição atue dentro de suas atribuições legais, promovendo maior eficiência e conformidade com a legislação vigente.


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