O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, após ter sua participação na posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, barrada por decisão judicial. Em entrevista ao canal AuriVerde Brasil no YouTube, Bolsonaro expressou indignação e fez declarações dramáticas sobre a atuação do judiciário brasileiro.

"Um juiz que é o dono de tudo aqui no Brasil. é o dono da sua liberdade. ele abre inquérito, ele te ouve, ouve o delator. ele é o promotor, ele é o julgador, ele encaminha o seu juiz para fazer paz de audiência de custódia, tudo ele! tira teu passaporte. ele pode fugir. eu posso fugir agora. qualquer um pode fugir", afirmou Bolsonaro, destacando sua revolta contra a intervenção do STF em seus direitos.

Na última quinta-feira (16), Moraes negou o pedido de Bolsonaro para viajar aos Estados Unidos, justificando a decisão pela existência de risco de fuga do ex-presidente, que enfrenta investigações ligadas à trama golpista de 2022. Moraes também mencionou o histórico de declarações públicas de Bolsonaro em favor da fuga de condenados como fundamento para barrar a viagem.

Bolsonaro insistiu em sua versão, afirmando ter sido convidado formalmente por Trump e questionou a veracidade da decisão judicial. "eu fui convidado. toda a imprensa do mundo divulga isso aí. como a imprensa do mundo todo está divulgando que eu fui proibido de ir para lá por causa de uma decisão de um juiz", disse.

O ex-presidente também trouxe à tona o contexto político e questionou sua inelegibilidade eleitoral. Ele afirmou que, caso não concorra nas eleições de 2026, isso seria um indicativo de que "não há democracia" no Brasil. "já tá difícil falar em democracia hoje em dia, né? mas eleições, sem oposição, não é democracia. deixa o povo decidir. isso não é democracia? alguns falam, 'quem seria o seu reserva para 2026 se você não vier?' se eu não vier, é sinal que não tem democracia", completou Bolsonaro.

Em meio às críticas, Bolsonaro revelou sua esperança de contar com o apoio de Donald Trump para reverter sua inelegibilidade. "com toda certeza, se ele [trump] me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive", declarou.

Apesar de não explicar detalhadamente como Trump poderia intervir em sua situação, Bolsonaro fez comparações entre seu suposto sofrimento e o de Trump, ambos vítimas do que chamou de "lawfare". Ele ainda relatou emoção ao se despedir da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no aeroporto de Brasília, desejando estar ao lado dela nos Estados Unidos.

"logicamente queria estar do lado dela. por isso a gente chora, né? por que não chorar? ou eu sou uma máquina? eu tenho as minhas fraquezas. eu queria estar com ela. infelizmente não pude estar presente, mas ela foi para lá", emocionou-se Bolsonaro.