Uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua esposa, Janja da Silva, durante agenda no Vietnã, provocou reação negativa dentro da própria família. O comentário, feito em defesa da atuação de Janja em viagens internacionais, foi interpretado por Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula do presidente, como ofensivo à memória de sua mãe, Marisa Letícia, falecida em 2017.

A fala de Lula — “Janja não nasceu para ser dona de casa” — ocorreu ao responder críticas pela ida da primeira-dama a Paris, onde representou o Brasil em um evento internacional. O comentário repercutiu negativamente entre aliados e familiares, por sugerir comparação com Marisa Letícia, que tinha perfil discreto e atuava principalmente nos bastidores durante os mandatos anteriores do petista.

🗣️ Reação da família e aliados

Segundo informações divulgadas pelo UOL, Luís Cláudio se sentiu incomodado com a frase e a considerou uma minimização do papel da mãe na trajetória do presidente e na história do PT. Não é a primeira vez que ele reage publicamente. Em fevereiro, criticou uma postagem oficial que omitia o nome de Marisa: “A história da minha mãe ninguém apaga”, escreveu nas redes sociais.

O jornalista Camilo Vannuchi, autor da biografia de Marisa, também considerou a fala infeliz:

“Soa desrespeitosa, porque Marisa foi mulher dele durante muito tempo e foi dona de casa.”

👥 Janja defendida por governo e aliados

Em defesa do presidente, o advogado de Janja, Marco Aurélio de Carvalho, afirmou que Lula não quis desvalorizar as donas de casa, lembrando que suas políticas públicas sempre as beneficiaram. Já a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, classificou as críticas à primeira-dama como fruto de misoginia:

“Ela é uma mulher política, participa dos debates e não ficará em silêncio.”

A cientista política Larissa Peixoto apontou que a oposição sempre tentará desgastar a imagem da primeira-dama, independentemente de sua postura.

🔁 Comparações entre Marisa e Janja

As comparações entre Marisa Letícia e Janja da Silva têm sido frequentes desde o início do terceiro mandato de Lula. Marisa era reconhecida por sua discrição, enquanto Janja tem atuado de forma mais visível, participando de compromissos oficiais e assumindo protagonismo em pautas como igualdade de gênero, cultura e meio ambiente.

A sindicalista Junéia Batista, que conheceu Marisa durante a fundação do PT, reforçou seu papel histórico:

“Ela cuidava da casa, mas não estava nem aí para rótulos. Participava das lutas sociais e fazia parte da construção do partido.”