Artigo
Clube do Livro para juventude
01/06/2025
07:30
WILSON AQUINO
WILSON AQUINO*
Em um mundo cada vez mais dominado por telas, notificações e conteúdos descartáveis, testemunhar o nascimento de um movimento jovem que resgata o prazer da leitura é motivo de esperança e inspiração. Foi exatamente isso que duas adolescentes de Campo Grande, membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, protagonizaram ao fundarem o Clube do Livro, um espaço dedicado a crianças, jovens e adolescentes, de 12 a 18 anos, interessados em cultivar o hábito de ler — um hábito que forma mentes críticas, corações sensíveis e cidadãos mais conscientes.
A ideia nasceu do coração da jovem Júlia Palma, que logo encontrou o entusiasmo e apoio de sua amiga Isabela Nunes. Com simplicidade, mas com um propósito grandioso, elas criaram o grupo que hoje já desperta o interesse de muitos outros jovens da cidade. E o mais bonito: o Clube é aberto a todos — membros ou não da Igreja, de qualquer fé ou denominação. O que une esse grupo é o amor pelos livros e a vontade de aprender e crescer juntos.
A leitura tem um papel fundamental na formação pessoal dos jovens. Por meio dos livros, crianças e adolescentes desenvolvem sua imaginação, ampliam seu vocabulário, aprendem a lidar com emoções e passam a compreender melhor a si mesmos e ao mundo ao seu redor. Um jovem leitor é, quase sempre, alguém mais preparado para enfrentar os desafios da vida com sensibilidade, empatia e equilíbrio.
O funcionamento do Clube é simples, porém extremamente rico: uma ou duas vezes por mês, o grupo se reúne na sede da Igreja, na Avenida Júlio de Castilhos, 2.354, no Bairro Santo Amaro. Na primeira reunião, escolhem em conjunto o livro a ser lido, priorizando sempre aqueles que estejam disponíveis em versão online para garantir o acesso democrático. Durante o período da leitura, os membros voltam a se reunir para discutir suas impressões, aprendizados e reflexões. O mesmo também ocorre no final da leitura. Essa troca de ideias é, sem dúvida, um dos momentos mais enriquecedores do projeto. Cada jovem traz sua visão, compartilha sentimentos, interpretações e até discordâncias, o que torna a experiência ainda mais formativa e plural.
Atualmente, os membros do Clube do Livro estão finalizando a leitura de O homem que calculava, obra consagrada de Malba Tahan. A escolha do título se mostrou bastante acertada, pois além de entreter, ele tem proporcionado aos jovens uma nova perspectiva sobre a matemática — antes temida por muitos, agora vista com mais curiosidade e até prazer. Durante a última reunião, diversos participantes relataram como passaram a enxergar a disciplina com outros olhos, graças à maneira lúdica e envolvente com que os conceitos matemáticos são apresentados ao longo da narrativa.
O encerramento da leitura desse livro acontecerá no próximo encontro do grupo, marcado para o dia 7 de junho, no Parque das Nações Indígenas. Além da avaliação final da obra, os jovens também terão a missão de escolher, em consenso, o próximo título a ser lido. A expectativa é grande, pois cada escolha traz novos desafios, descobertas e aprendizados. Assim, o Clube segue seu propósito de fomentar a leitura de forma coletiva, prazerosa e edificante. “A matemática, tal como a música, é um dom de Deus. Quem a compreende, escuta ecos da harmonia universal.” — Malba Tahan.
Muito além do ato de ler, o Clube promove o desenvolvimento da argumentação, da empatia e da análise crítica. São valores e habilidades indispensáveis para a vida adulta — e que infelizmente têm sido cada vez mais deixados de lado numa era de superficialidade digital.
Além dos livros escolhidos em grupo, o Clube conta com uma pequena, mas valiosa biblioteca, organizada pelas próprias fundadoras, na sede da igreja, da Avenida Júlio de Castilho. São dezenas de títulos — romances, aventuras, ficções, biografias e outros gêneros — todos cuidadosamente selecionados para respeitar e preservar os bons princípios morais e espirituais que norteiam a formação desses jovens.
Entre os membros do grupo estão as irmãs Medina: Maria Fernanda Danelon e Anna Luiza, que ao lado da amiga Isabela Nunes se destacaram no Prêmio Jovem SUD de Leitura de 2023, realizado pela igreja, para premiar quem mais lesse livros durante o ano. Elas não apenas leram dezenas de livros ao longo do período, como também produziram resumos reflexivos com impressões pessoais, demonstrando maturidade e profundidade nos estudos. O sucesso desse prêmio só foi possível porque contou com o envolvimento direto das famílias — especialmente dos pais — que incentivaram, acompanharam e celebraram cada conquista.
A leitura, quando vivida em família, cria laços, valores e memórias que ecoam para a vida toda. É por isso que iniciativas como o Clube do Livro merecem ser replicadas, apoiadas e valorizadas por toda a sociedade. Precisamos de mais jovens lendo e dialogando, menos jovens dispersos e dependentes de conteúdos prontos e vazios.
O próximo encontro do Clube já tem data marcada: será no dia 7 de junho, a partir das 16h, ao ar livre, embaixo de frondosas árvores do Parque das Nações Indígenas. Um cenário simbólico, que combina natureza, liberdade e conhecimento. Crianças, adolescentes e jovens entre 12 e 18 anos, que quiserem participar, podem entrar em contato pelo telefone (67) 99983-2896 ou comparecer à sede da Igreja, aos domingos, das 9h às 11h, durante a Reunião Sacramental.
Em tempos de excesso de informação, formar leitores é formar líderes, construtores do amanhã. Que essa bela iniciativa inspire outras tantas. Afinal, um bom livro, quando compartilhado, transforma não apenas uma pessoa — mas toda uma geração.
*Jornalista e Professor
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