Palmas (TO), Segunda-feira, 09 de Junho de 2025

Política / Justiça

Mauro Cid diz estar frustrado com investigação da PF e confirma divergência sobre fatos narrados na delação

Tenente-coronel prestou depoimento no STF nesta segunda (9) e afirmou que enfrentava crise pessoal ao gravar áudios polêmicos vazados à imprensa

09/06/2025

16:45

DA REDAÇÃO

©REPRODUÇÃO

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento nesta segunda-feira (9) no Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou ter se sentido frustrado com os rumos da investigação conduzida pela Polícia Federal (PF), em relação à delação premiada que firmou no caso da tentativa de golpe de 2022.

Segundo Cid, havia uma divergência de interpretação entre o que ele relatava e o que os investigadores consideravam relevante para a apuração.

“Eles tinham uma linha investigativa e eu tinha outra visão dos fatos. E houve uma frustração do que eu estava contando não estar na linha investigatória da PF”, declarou o militar ao ministro Alexandre de Moraes.

Áudios e crise pessoal

Durante o depoimento, Moraes também questionou Cid sobre os áudios vazados pela revista Veja, nos quais ele criticava a condução do processo e mencionava pressões. O tenente-coronel afirmou que os trechos se referiam a um momento de instabilidade emocional e pessoal, quando enfrentava dificuldades na carreira e na vida familiar.

“Foram desabafos em um momento difícil. Eu via minha carreira desmoronando, minha vida financeira arruinada. Não eram acusações, mas críticas ditas num momento emocionalmente carregado”, disse.

Mudanças na versão e ameaça ao acordo

Cid mudou de versão diversas vezes ao longo dos 12 depoimentos prestados à PF. Em setembro de 2023, ele teve a colaboração premiada homologada por Moraes. No entanto, as contradições nas declarações geraram dúvidas dentro da própria Polícia Federal, que chegou a sugerir o rompimento do acordo.

Foi somente no último depoimento, já no STF, que Cid revelou que o ex-ministro Walter Braga Netto teria entregue dinheiro em uma sacola de vinho para um militar envolvido em plano para assassinar o ministro do Supremo.

Com base nessas novas revelações, Moraes decidiu manter a validade da delação.

Acordo sob pressão, mas provas mantidas

Apesar das tentativas de advogados de outros réus de contestar a credibilidade de Cid e solicitar a invalidação da colaboração, ministros do STF reforçaram que a anulação do acordo não invalida as provas já obtidas com base nas informações prestadas. Apenas os benefícios ao delator seriam afetados, caso o acordo fosse rompido.

Durante julgamento anterior, o ministro Luiz Fux demonstrou cautela sobre o caso:

“Vejo com muita reserva nove delações de um mesmo colaborador, cada hora apresentando uma novidade”, disse Fux, sendo acompanhado por Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que sugeriram discutir o tema em fase posterior.

Início da fase de depoimentos

O depoimento de Mauro Cid marca o início da fase de interrogatórios do núcleo central da trama golpista de 2022, no STF. Os interrogatórios ocorrerão ao longo desta semana, com sessões diárias até sexta-feira (13) e transmissão ao vivo pela TV Justiça.

A sequência dos depoimentos seguirá a ordem alfabética dos réus:

  • Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-chefe da Abin)

  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)

  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)

  • Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)

  • Jair Bolsonaro (ex-presidente)

  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)

  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa)


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