Política / Justiça
Lula condena revogação de vistos pelo governo Trump e promete reação ao tarifaço contra o Brasil
Presidente classifica medida como “arbitrária e sem fundamento” e defende soberania nacional diante de ataques contra ministros do STF
19/07/2025
09:50
DA REDAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu neste sábado (19) à decisão do governo dos Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, de revogar os vistos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de seus aliados e familiares. Em nota oficial, Lula repudiou a medida e afirmou que nenhuma tentativa de intimidação internacional irá enfraquecer o sistema de Justiça brasileiro.
“Minha solidariedade e apoio aos ministros do STF atingidos por mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos EUA. A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, declarou Lula.
A decisão foi anunciada na sexta-feira (18) pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em comunicado publicado na rede social X. Segundo ele, as sanções são uma resposta à suposta “caça às bruxas política” promovida por Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A revogação dos vistos de ministros do STF ocorre em meio à intensificação das tensões diplomáticas entre os governos brasileiro e norte-americano. A crise se agravou após a Polícia Federal cumprir mandado de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, e o STF determinar uso de tornozeleira eletrônica, além de outras restrições.
Rubio, alinhado a Trump, afirmou que o governo dos EUA responsabilizará “estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”, ampliando o discurso sobre liberdade de expressão para justificar a retaliação.
Além da crise judicial, o governo Lula também enfrenta o impacto do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado por Trump. Em carta pública enviada a Lula na semana passada, o republicano justificou o aumento como uma resposta à suposta perseguição contra Bolsonaro e às ações brasileiras contra “eleições livres” e “liberdade de expressão”.
“O Brasil não aceitará ser tutelado por ninguém”, disse Lula, reforçando que o governo vai reagir com base na Lei da Reciprocidade Econômica.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, está liderando articulações com setores da economia para evitar os efeitos do tarifaço. A estratégia do governo é tentar resolver o impasse até 31 de julho, sem precisar solicitar adiamento da medida.
De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), a tarifa poderá afetar diretamente quase 10 mil empresas brasileiras exportadoras para os EUA, que juntas empregam 3,2 milhões de pessoas no Brasil.
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