Política / Justiça
STF vê “tudo ou nada” de Bolsonaro como tentativa de intimidar julgamento e reforça inquérito por obstrução de Justiça
Supremos avaliam que ex-presidente apostou na radicalização com apoio internacional e manobras públicas às vésperas do julgamento por tentativa de golpe
05/08/2025
10:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A cúpula do Supremo Tribunal Federal (STF) avalia que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou uma postura de "tudo ou nada" ao participar remotamente das manifestações do último domingo (3), o que teria provocado sua prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. A medida é vista como resposta necessária ao descumprimento deliberado de medidas cautelares e à estratégia de politização das ações penais.
Segundo fontes internas da Corte, a expectativa é que o julgamento de Bolsonaro no inquérito da tentativa de golpe de Estado, previsto para setembro, seja cercado de tensões crescentes, inclusive com pressões externas e tentativas de intimidação vindas de aliados do ex-presidente, no Brasil e no exterior.
No STF, a percepção é que o vídeo transmitido por celulares do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi uma provocação calculada. O gesto violou frontalmente a proibição de uso de redes sociais e de comunicação pública, determinada por Moraes.
“Todas as determinações estavam claras. A resposta foi proporcional ao desafio ao Judiciário”, avalia um ministro do STF.
A análise dentro da Corte é que Bolsonaro buscava reforçar a narrativa de perseguição, mirando apoio popular e internacional, como o do presidente dos EUA, Donald Trump, que recentemente anunciou sanções contra ministros do STF.
O julgamento do núcleo central da tentativa de golpe, ação penal na qual Bolsonaro é réu, é o principal foco da Suprema Corte. Ministros apontam que os atos públicos, manifestações e movimentações da oposição têm como finalidade desviar o foco e tumultuar o ambiente jurídico-político às vésperas da decisão.
Apesar das ameaças e declarações agressivas, os ministros reforçam que o STF não será intimidado. Pelo contrário, consideram que esses episódios fortalecem o acervo probatório dos processos.
“Tudo o que está sendo feito — manifestações, articulações externas e vídeos — será usado como prova contra Bolsonaro e seus aliados”, afirmou um interlocutor da Corte.
Diante dos últimos acontecimentos, foi aberto um novo inquérito na Polícia Federal para apurar tentativas de obstrução de Justiça. A Corte também se prepara para lidar com novas sanções e ataques externos, principalmente da ala trumpista nos EUA, que tem apoiado Bolsonaro e criticado decisões do STF.
A avaliação unânime no Supremo é que essa ofensiva faz parte de uma estratégia para mobilizar a base bolsonarista e internacionalizar o conflito, tentando desacreditar o sistema judicial brasileiro.
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