Política / Justiça
Diálogos revelam hipocrisia no clã Bolsonaro: ataques internos e pressão por impunidade
PF aponta que objetivo real do grupo era garantir anistia apenas para Jair Bolsonaro, mesmo à custa de sanções contra o Brasil
22/08/2025
21:30
ITC
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
As conversas interceptadas pela Polícia Federal no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro expuseram um cenário de contradições, desrespeito e disputas internas no núcleo familiar e político do bolsonarismo. Os diálogos, envolvendo também o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o pastor Silas Malafaia, revelam que a bandeira de “Deus, Pátria e Família” não passou de um slogan de marketing utilizado como fachada.
Segundo os registros da PF, Malafaia usou linguagem agressiva e ameaças contra Eduardo Bolsonaro. Em um dos áudios, o pastor afirmou:
“A próxima que você fizer isso, eu gravo um vídeo e te arrebento”.
A investigação aponta que o líder religioso participou ativamente da mobilização para coagir parlamentares e autoridades do Judiciário. Em vez de aconselhamentos espirituais, os diálogos mostram gritos, ofensas e xingamentos, distantes do papel esperado de uma liderança evangélica.
Os áudios também revelam que a prioridade do clã Bolsonaro era livrar Jair Bolsonaro da prisão, ainda que isso significasse apoiar sanções econômicas dos Estados Unidos contra o Brasil. De acordo com relatório da PF, o objetivo do grupo não era buscar anistia para os condenados nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, mas sim assegurar impunidade exclusiva ao ex-presidente.
Eduardo Bolsonaro chegou a alertar o pai de que Donald Trump deixaria de apoiar caso fosse aprovada uma “anistia light”, restrita a manifestantes de menor relevância.
As mensagens expõem também a fragilidade dos laços familiares. Em um dos diálogos, Eduardo escreveu ao pai:
“VTNC, seu ingrato do caralh*”,
depois de ser criticado por Bolsonaro em entrevista.
Não se trata de um episódio isolado. Em 2017, quando ainda era deputado, Jair Bolsonaro já havia enviado mensagem a Eduardo chamando-o de “filho da p*”. O filho, em resposta, atacou o irmão Renan Bolsonaro, chamando-o de “merda”.
Os relatos reforçam a imagem de uma família marcada por disputas de poder, desconfiança e ausência de afeto, unida apenas por interesses políticos e financeiros.
A reportagem relembra que o clã Bolsonaro construiu sua trajetória política em meio a denúncias de rachadinhas, nomeações de parentes e uso da estrutura pública para benefício próprio. O senador Flávio Bolsonaro, por exemplo, foi investigado por empregar familiares de chefes de milícia em seu gabinete no Rio de Janeiro.
A nova frente de apuração poderá agravar a situação criminal do ex-presidente. Caso seja condenado, Jair Bolsonaro pode enfrentar mais 12 anos de prisão, somando-se a outros processos em andamento, com penas que podem chegar a 55 anos de reclusão.
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