Política / Justiça
Conversas de Eduardo Bolsonaro aumentam pressão para PL aceitar anistia sem o ex-presidente
Líderes partidários avaliam que vazamento de mensagens expôs estratégia do clã e abriu brecha para centrão propor texto limitado ao 8 de Janeiro
24/08/2025
07:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O vazamento de mensagens trocadas entre Jair Bolsonaro (PL) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), obtidas pela Polícia Federal, aumentou a pressão para que a oposição aceite uma “anistia light” – limitada aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, sem contemplar o ex-presidente.
A PF indiciou Jair e Eduardo por coação no curso do processo da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado. O deputado está nos Estados Unidos desde março, onde, segundo o relatório, articulou sanções contra autoridades brasileiras, em especial contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do caso.
Em mensagens de 7 de julho, Eduardo alerta o pai de que uma eventual anistia parcial enfraqueceria o apoio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump:
Eduardo Bolsonaro: “Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia ou enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num [regime] semiaberto.”
“Com anistia light, o governo Trump não irá mais ajudar. Sem apoio, você estará condenado no final de agosto.”
Naquele período, Trump havia classificado a ação penal contra Bolsonaro como “caça às bruxas” e “desgraça internacional”, mas ainda não tinha anunciado o tarifaço contra o Brasil nem as sanções via Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes.
As declarações de Eduardo reforçaram a percepção de que o clã Bolsonaro buscava anistia apenas para Jair, e não para os manifestantes presos. Para líderes do centrão, o episódio abriu espaço para negociar um texto mais restrito, deixando o PL de fora da condução da pauta.
Um cacique partidário disse à reportagem:
“Os áudios colocaram o PL em posição muito ruim publicamente. Ficou explícito que Bolsonaro não está interessado em anistiar ninguém sem se livrar junto.”
Outro líder citou o presidente do STF, Roberto Barroso, que afirmou:
“Anistia antes do julgamento é uma impossibilidade.”
Embora publicamente a legenda siga defendendo uma “anistia ampla e irrestrita”, que beneficie Bolsonaro, internamente há percepção de que essa tese será voto vencido caso o texto seja levado ao colégio de líderes ou ao plenário da Câmara.
Um interlocutor da cúpula do PL admitiu que as falas de Eduardo atrapalham a tramitação da anistia e desgastam a legenda:
“Essas mensagens minam os esforços da sigla e colocam todo o projeto sob suspeita.”
Mesmo assim, Eduardo Bolsonaro continua pressionando, tanto nos EUA quanto em público, para vincular a anistia ao destino do pai e tenta desqualificar aliados que negociam alternativas mais moderadas.
PL: segue defendendo a anistia total, mas internamente reconhece risco de derrota.
Centrão: articula versão limitada ao 8 de Janeiro, excluindo Bolsonaro.
STF: reforça posição contrária a qualquer anistia antes do julgamento.
Trump: mantém retórica de apoio, mas condiciona movimento ao futuro político do ex-presidente.
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