 
 Política Internacional
Tribunal dos EUA considera ilegais tarifas recíprocas impostas por Donald Trump
Medidas foram pilar da política externa do republicano, mas decisão abre caminho para questionamentos na Suprema Corte
29/08/2025
20:00
DA REDAÇÃO
 
 ©DIVULGAÇÃO
O Tribunal de Apelações para o Circuito Federal dos Estados Unidos, em Washington, decidiu nesta sexta-feira (29) que a maior parte das tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump é ilegal, enfraquecendo uma das principais ferramentas utilizadas pelo republicano em sua política econômica internacional.
As tarifas, chamadas de “recíprocas”, foram aplicadas em abril, afetando diretamente parceiros comerciais, inclusive o Brasil, que sofreu sobretaxa de 50% sobre a maioria de suas exportações, uma das maiores do mundo.
O tribunal determinou que as tarifas podem permanecer em vigor até 14 de outubro, prazo em que o governo poderá apresentar recurso à Suprema Corte dos EUA.
Em seu parecer, os magistrados argumentaram que a Lei de Poderes Econômicos em Emergências Internacionais (IEEPA), de 1977, não concede ao presidente autoridade para impor tarifas alfandegárias:
“O estatuto não menciona tarifas (ou qualquer sinônimo) e não contém salvaguardas processuais que estabeleçam limites claros ao poder do presidente de impor tarifas”, destacou a decisão.
Tradicionalmente, a IEEPA foi usada para impor sanções econômicas ou congelar ativos de inimigos externos, e não para alterar a política comercial. Trump foi o primeiro presidente a invocar a lei para justificar tarifas, sob a alegação de que déficits comerciais e a entrada de drogas, como o fentanil, configuravam ameaças à segurança nacional.
Em fevereiro de 2025, Trump impôs tarifas contra China, Canadá e México, alegando falta de cooperação no combate ao tráfico de fentanil — acusação negada pelos países.
Em abril, ampliou a política com a adoção das tarifas “recíprocas”, justificadas pelo déficit comercial americano.
As medidas aumentaram a volatilidade nos mercados financeiros, mas também funcionaram como instrumento de pressão política e renegociação de acordos.
Dois processos deram origem à decisão: um movido por cinco pequenas empresas americanas e outro por 12 estados governados pelo Partido Democrata. Ambos sustentam que a Constituição dos EUA reserva ao Congresso, e não ao presidente, a competência de instituir tarifas e impostos.
Em maio, o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA, em Nova York, já havia considerado ilegais os atos de Trump, afirmando que o ex-presidente excedeu sua autoridade.
Atualmente, pelo menos oito ações judiciais questionam a legalidade das tarifas, incluindo uma movida pelo estado da Califórnia.
A decisão atinge diretamente um dos pilares da política externa de Trump, que fez das tarifas uma arma de barganha em negociações internacionais. A disputa jurídica agora pode chegar à Suprema Corte, onde terá impacto decisivo tanto para a economia quanto para o cenário político nos EUA.
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