Sindicato mandou ofício cobrando informações em junho deste ano, mas não houve resposta do estado. Professora feita refém foi libertada quase 30 horas depois.
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Fuga aconteceu no presídio Barra da Grota — Foto: Seciju/Divulgação |
Três meses antes da professora Elisângela Mendes Sobrinho, de 43 anos, ser usada como escudo humano por presos durante uma fuga, o sindicato que representa a categoria enviou um ofício cobrando esclarecimentos sobre a atuação dos profissionais da educação que trabalham no sistema prisional do Tocantins. O caso foi registrado na tarde desta terça-feira (2) no presídio Barra da Grota, em Araguaína.
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Professora foi feita refém por criminosos — Foto: Arquivo Pessoal |
Ao todo, 28 presos escaparam da unidade pela porta da frente após uma rebelião. Destes, 10 foram mortos em confronto com a polícia, um detento se entregou após ser ferido e 17 seguem foragidos. A professora e o chefe de plantão do Presídio Barra da Grota, Roberto Aires, foram liberados mais de 24 horas depois. O grupo não está mais com reféns.
No documento, o sindicato pede informações sobre a estrutura de segurança para que as aulas fossem dadas dentro dos presídios. Também questiona como são feitas as seleções dos profissionais e se eles passam por alguma formação específica.
Até o momento, não houve resposta ao documento por parte do estado. "Precisamos averiguar sobre quais as condições são asseguradas aos profissionais da Educação dentro dos presídios", questionou Furtado, afirmou o secretário-geral do Sintet, Carlos de Lima Furtado.
O Governo do Tocantins disse que a segurança nas unidades é feita por agentes penitenciários de acordo com a demanda específica de cada uma delas. Informou ainda que o objetivo é dar oportunidade para a recuperação e reinserção dos alunos na sociedade.
A Secretaria de Educação disse que medidas adicionais de segurança e formação dos profissionais da educação prisional serão planejadas, em parceria com os órgãos de segurança pública do Tocantins, com o objetivo de dar mais segurança e qualificação a esses profissionais que atuam no sistema prisional.
Agentes prisionais
A Associação dos Agentes Penitenciários (Pró-Sispen) afirmou ao G1 que o sistema penitenciário está desestruturado com superlotação, condições insalubres e fossas a céu aberto. Os profissionais cobram melhores condições de trabalho e afirmam que há o risco de uma crise sem precedentes.
Pois, são constantes os casos de tentativas de fugas, explosões em muros, rendição de agentes e "agora chega ao ápice: presos mortos e agentes e professora de refém."
A associação também cobrou investimento em equipamentos, melhores condições de trabalho e pagamento de verbas salariais determinadas pela lei. "Essa tragédia é anunciada constantemente. O Sistema Prisional está corroído. Ele simplesmente é todo desestruturado. Não reeduca. Os egressos saem piores do que quando entraram. Tanto a situação dos agentes quanto dos presos são degradantes", informou em nota.
Segundo a Secretaria de Cidania e Justiça, responsável pelo sistema prisional, a capacidade legal do Barra da Grota é de 480 presos. Antes da fuga, a unidade tinha 493 homens, distribuídos em três pavilhões.
Entenda
A rebelião teve início às 14h40 e seguiu até às 16h, nesta terça-feira (3), quando o grupo saiu do presídio. Ao todo, 28 presos escaparam levando dois reféns. Dez criminosos foram mortos em confronto com a polícia e os demais seguem foragidos.
A rebelião começou dentro da sala de aula da unidade. Seis pessoas foram feitas reféns, mas quatro ficaram feridos e foram deixados pelos criminosos. Entre os feridos estão os agentes penitenciário Mark Alves Garcia de Sousa, de 31 anos, e Magnun Alves Garcia de Sousa, de 28 anos; além de um funcionário de uma empresa terceirizada, Adssandro Alves Pereira. Eles foram internados e não correm risco de morrer.
A professora Elisângela Mendes Sobrinho, de 43 anos, e o chefe de plantão da unidade, Roberto Aires, foram levados pelos fugitivos e estão desparecidos há mais de 20 horas.
Homens da Polícia Militar, Polícia Civil e do sistema penitenciário ainda estão procurando pelos fugitivos em uma área de mata. Cães farejadores também são utilizados. O helicóptero da Segurança Pública também ajuda nas buscas com homens armados.
O governo do estado informou que o governador Mauro Carlesse (PHS) enviou secretários e o chefe da Polícia Militar para Araguaína, onde vão acompanhar as buscas. A ordem é de resgatar os reféns e negociar um fim pacífico para a fuga.
Por G1 Tocantins