MEIO AMBIENTE
STF acata ação contra expansão da pecuária no Pantanal do Mato Grosso
Supremo analisa constitucionalidade de lei estadual que autoriza pecuária em áreas de preservação permanente
28/10/2024
16:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Supremo Tribunal Federal (STF) está analisando uma lei aprovada pelo estado de Mato Grosso que autoriza a expansão da pecuária extensiva no Pantanal, uma das áreas de preservação permanente mais importantes do Brasil. A ação contra a norma foi movida pelo Partido Verde (PV), que alega que a medida representa um retrocesso ambiental e infringe normas federais de proteção ambiental.
A ação é relatada pelo ministro Cristiano Zanin, que determinou um prazo de 10 dias para que o governo de Mato Grosso se manifeste sobre a lei. A análise do STF ocorre em meio a debates acalorados e preocupações levantadas por ambientalistas, que consideram a medida um risco para o já vulnerável ecossistema pantaneiro, que sofre com desmatamentos, queimadas e outras pressões ambientais.
O Partido Verde sustenta que a lei estadual flexibiliza de forma excessiva as regras de proteção no Pantanal, permitindo a criação de gado em áreas que deveriam ser protegidas. Para a legenda, essa prática pode levar à degradação de áreas de preservação permanente, prejudicando o equilíbrio ecológico da região.
Outro ponto de contestação é a competência para definir políticas de proteção ambiental, que segundo o partido, é de responsabilidade da União. O PV argumenta que o governo de Mato Grosso extrapolou sua autoridade ao aprovar a lei, violando a Constituição Federal e as diretrizes nacionais de proteção ambiental.
A lei em discussão também é defendida por produtores rurais que apoiam a teoria do “boi bombeiro”. Essa ideia propõe que a presença do gado no Pantanal poderia ajudar a prevenir incêndios, já que os animais consumiriam a vegetação que serve de combustível para o fogo. Contudo, especialistas criticam essa abordagem, apontando-a como simplista e ineficaz em um ecossistema complexo como o Pantanal.
A crítica baseia-se em dados de ocorrências de incêndios generalizados no Pantanal, mesmo com a presença do gado, demonstrando que a teoria não garante a proteção da área contra o fogo. Além disso, a pecuária extensiva pode trazer impactos negativos, como o pisoteio do solo, a erosão e a alteração do fluxo de água, afetando a biodiversidade local.
Com o pedido de manifestação do governo de Mato Grosso, o STF deverá avaliar a constitucionalidade da lei e tomar uma decisão final sobre o tema. Se a norma for considerada inconstitucional, as medidas de proteção no Pantanal poderão ser fortalecidas, estabelecendo um precedente importante na relação entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
Ambientalistas, produtores rurais e a sociedade em geral estão acompanhando o caso de perto, já que a decisão do STF pode representar um marco para o futuro do Pantanal. A questão central é até que ponto é possível conciliar atividades econômicas, como a pecuária, com a preservação de um ecossistema tão frágil e relevante.
O Pantanal é uma das maiores planícies alagáveis do mundo, abrigando uma rica diversidade de espécies de flora e fauna. Sua preservação é crucial não apenas para o equilíbrio ambiental, mas também para as comunidades locais, que dependem dos recursos naturais da região. A decisão do STF terá um impacto direto na gestão e conservação do Pantanal, destacando-se como um ponto de inflexão na política ambiental brasileira.
Para mais informações sobre o andamento do processo e as próximas etapas, acompanhe o site oficial do STF.
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