Política
Bolsonaro recua após dizer que pretende mandar mais que o presidente eleito com maioria no Congresso
Ex-presidente nega busca por “poder paralelo”, mas reafirma estratégia de controle do Legislativo para influenciar decisões contra o STF
01/07/2025
23:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Dois dias após declarar, em ato na Avenida Paulista, que pretende influenciar o Congresso a ponto de “mandar mais que o presidente da República”, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recuou parcialmente da fala, alegando nesta terça-feira (1) que sua articulação política visa apenas ampliar a representação de uma "maioria silenciosa" de forma legítima e democrática. O movimento acontece após forte repercussão de reportagem da Folha de S.Paulo, que apontou a tentativa do ex-mandatário de formar um “poder paralelo” por meio da eleição da maioria da Câmara e do Senado em 2026.
“Reiteramos que não há e nunca houve qualquer estrutura ‘paralela’ ou atuação fora dos marcos legais e democráticos”, escreveu Bolsonaro em publicação no X (antigo Twitter).
Mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro aposta na conquista da maioria parlamentar como principal ferramenta de poder para os próximos anos. Em seu discurso de domingo (29), ele foi direto:
“Se vocês me derem isso [50% da Câmara e do Senado], não interessa onde esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente da República.”
Nos bastidores, o plano inclui comandar bancadas do PL nas duas Casas, negociar candidaturas em todos os estados e priorizar aliados que apoiem ofensivas contra ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes.
Desde que deixou o Planalto, Bolsonaro tem defendido uma maioria no Senado — Casa com poder de abrir processos de impeachment contra ministros do Supremo. No domingo, ele também apontou a Câmara dos Deputados como essencial, citando a obstrução do projeto que previa anistia aos presos dos atos golpistas de 8 de Janeiro.
“Nós elegeremos nosso presidente da Câmara, do Senado, das comissões mais importantes. Seremos os responsáveis pelo destino do Brasil”, afirmou, admitindo até a possibilidade de estar preso ou morto nas eleições de 2026.
Além do PL, Bolsonaro quer formar uma frente ampla com União Brasil, PP e Republicanos, indicando ao menos um nome bolsonarista ao Senado em cada estado. Mesmo os suplentes estão sendo cuidadosamente avaliados pelo ex-presidente.
O critério mais importante? O compromisso em confrontar o STF. A exigência deixa clara a intenção de transferir o centro do poder político para o Congresso, sob influência direta de Bolsonaro, mesmo fora da disputa eleitoral.
Bolsonaro é alvo de inquéritos no STF e pode ser condenado por crimes como:
Organização criminosa armada
Tentativa de golpe de Estado
Dano qualificado ao patrimônio público
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
A pena, somada, pode ultrapassar 40 anos de prisão.
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