Política / Relações Internacionais
Sem citar Trump, Lula afirma que Brasil não aceita interferência: "Ninguém está acima da lei"
Declaração vem após presidente dos EUA criticar processo contra Bolsonaro; ministros do governo também rechaçaram tentativa de ingerência
07/07/2025
13:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (7), em publicação nas redes sociais, que a defesa da democracia no Brasil é um assunto interno, e que o país "não aceita interferência ou tutela de quem quer que seja". A fala ocorre um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicar uma mensagem em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem classificou como alvo de "perseguição".
Embora não tenha mencionado diretamente Trump, Lula deixou claro que o Brasil é um país soberano, com instituições sólidas e independentes, e destacou que "ninguém está acima da lei".
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”, publicou o presidente.
Durante entrevista na 17ª Cúpula dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro, Lula foi questionado por jornalistas sobre a publicação de Trump. Sem entrar em detalhes, respondeu com ironia:
“Portanto, que deem palpite na sua vida, e não na nossa.”
Na Truth Social, Trump escreveu que Bolsonaro é inocente e estaria sendo perseguido no Brasil, mencionando que o país estaria fazendo “algo terrível” com o ex-presidente. O norte-americano prometeu acompanhar de perto o desenrolar do caso.
“Ele [Bolsonaro] não é culpado de nada. Deixem Bolsonaro em paz”, escreveu Trump.
O ex-presidente Jair Bolsonaro agradeceu publicamente a Trump pela mensagem:
“Recebi com alegria a manifestação do ilustre presidente e amigo. Trump passou por algo semelhante nos EUA e também foi implacavelmente perseguido”, afirmou Bolsonaro.
Ministros do governo Lula reagiram à fala de Trump e reforçaram a independência do Judiciário brasileiro. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou diretamente o presidente norte-americano:
“Donald Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro. O tempo em que o Brasil foi submisso aos EUA foi o tempo de Bolsonaro.”
O advogado-geral da União, Jorge Messias, também se posicionou:
“Qualquer tentativa de interferência em nossos assuntos internos — venha de onde vier — será firmemente rechaçada. O Brasil olha para o futuro com a cabeça erguida, firme em seus valores e comprometido com os interesses do seu povo — e não com interesses de lideranças estrangeiras.”
O ex-presidente Bolsonaro responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e participação em organização criminosa armada, com base em denúncia da Procuradoria-Geral da República. A investigação apura o plano para impedir a posse do presidente eleito em 2022, com base em ações entre o fim daquele ano e janeiro de 2023.
Em junho de 2024, a ação penal avançou para a fase final, com abertura das alegações finais pelas defesas e acusação. Ao todo, o STF já condenou 497 pessoas pelos atos de 8 de janeiro.
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