Palmas (TO), Terça-feira, 29 de Julho de 2025

Economia / Indústria

SkyWest ameaça adiar entregas da Embraer se tarifa de 50% de Trump for mantida

CEO da companhia americana afirma que empresa não aceitará sobretaxa; medida ameaça 74 pedidos firmes e pode gerar perdas bilionárias à fabricante brasileira

28/07/2025

18:30

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

A companhia aérea norte-americana SkyWest Airlines, uma das maiores clientes da Embraer, afirmou que não está disposta a pagar a tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, deve entrar em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto, caso não haja um acordo bilateral.

Em entrevista coletiva realizada na última semana, o CEO da SkyWest, Chip Childs, declarou que a sobretaxa representa um impacto insustentável para a companhia, que possui 74 jatos encomendados da Embraer com entregas previstas até 2032.

“Temos a sensação de que as pessoas estão entendendo a importância disso para pequenas comunidades nos Estados Unidos, o impacto econômico disso para o nosso país. Vamos continuar lutando arduamente para avançar na questão tarifária”, afirmou Childs.

Apesar do otimismo nas negociações, o diretor comercial da SkyWest, Wade Steele, foi direto ao admitir uma consequência concreta:

“Se a tarifa de 50% com o Brasil for implementada, planejamos trabalhar com nossos principais parceiros e a Embraer para adiar a entrega até que a situação tarifária seja resolvida.”

Estados Unidos: principal mercado da Embraer

A Embraer tem nos Estados Unidos seu maior mercado externo, responsável por:

  • 45% das vendas de jatos comerciais

  • 70% das vendas de jatos executivos

Atualmente, 229 dos 437 jatos comerciais encomendados pela Embraer são destinados a seis clientes norte-americanos:

Companhia aéreaPedidos ativos
American Airlines90
SkyWest74
Republic Airlines35
Azorra18
Aircastle9
Horizon Air / Alaska3

Segundo estimativas da própria fabricante, cada avião da Embraer vendido aos EUA passaria a custar R$ 50 milhões a mais caso a tarifa seja aplicada — o que inviabilizaria a maior parte das entregas.

Embraer: “Confiança em uma solução diplomática”

Em nota divulgada nesta segunda-feira (28), a Embraer reafirmou sua confiança em um entendimento entre os governos brasileiro e norte-americano para reverter a medida protecionista:

“A Embraer está ativamente engajada com as autoridades buscando restaurar a alíquota zero para o setor aeronáutico e continuamos confiantes de que os governos chegarão a um acordo satisfatório para ambos os países.”

O CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, já havia alertado que a manutenção da tarifa poderá provocar cancelamentos de pedidos, adiamentos, corte de investimentos e até demissões, com impacto semelhante ao ocorrido durante a pandemia de Covid-19, quando 2.500 funcionários foram dispensados.

Governo brasileiro busca evitar prejuízo bilionário

O governo Lula tem tentado articular, por meio do Itamaraty e com apoio de parlamentares, inclusive da oposição, um acordo que evite prejuízos ao setor aeronáutico. Estima-se que a tarifa possa impactar bilhões de reais em exportações, além de comprometer o desempenho industrial e tecnológico da Embraer no curto e médio prazo.

A medida de Trump é interpretada por analistas como uma resposta política à postura do governo brasileiro diante do cenário internacional, especialmente após atritos diplomáticos com o ex-presidente norte-americano.


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