Economia / Comércio Exterior
O que Brasil e EUA ganham e perdem com o tarifaço de Trump
Sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras entra em vigor em 6 de agosto; governo Lula prepara plano para reduzir impactos
02/08/2025
09:30
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A partir da próxima quarta-feira (6), entra em vigor o tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump, que impõe alíquotas unilaterais de até 50% sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos. A medida é vista pelo governo brasileiro como uma ação política, em meio ao cerco judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro, criticado publicamente por Trump.
A ordem executiva, assinada em 31 de julho, soma uma tarifa de 10%, já em vigor desde abril, a um adicional de 40%, aprovado neste mês. Apesar disso, cerca de 700 produtos — como suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro — ficaram de fora da sobretaxa extra, sendo afetados apenas pela alíquota de 10%.
Segundo especialistas, o Brasil sofrerá efeitos imediatos, mas também poderá extrair oportunidades da crise.
Pontos negativos:
Redução na receita de exportações, com impacto na produção e no nível de emprego;
Desestímulo a investimentos, principalmente em tecnologia, pela queda no fluxo de capital estrangeiro;
Interrupções nas cadeias produtivas, com reflexos sobre a indústria e a geração de empregos.
Possíveis ganhos:
Valorização do mercado interno, com queda de preços para produtos sem escoamento externo;
Estímulo à inovação e à competitividade;
Oportunidade de ampliar e diversificar parcerias comerciais.
Para o economista Leonardo Costa (ASA), a isenção de segmentos estratégicos — como petróleo, celulose e aviação — mitiga parte dos prejuízos e dá tempo para novas negociações. Já o professor Francisco Américo Cassano aponta que os benefícios dependem de médio a longo prazo, exigindo novas alianças internacionais e investimentos internos.
Pontos positivos:
Proteção da indústria nacional e estímulo à geração de empregos;
Redução do déficit comercial;
Aumento do poder de barganha em negociações internacionais.
Pontos negativos:
Pressão inflacionária pela alta no custo de produtos importados;
Risco de retaliações comerciais;
Encarecimento de insumos estratégicos, prejudicando setores industriais em expansão.
Para Costa, o tarifaço também tem forte viés eleitoral interno, reforçando a imagem protecionista de Trump, mas com custos econômicos relevantes.
Especialistas alertam que a medida pode ser mais prejudicial do que benéfica para o comércio bilateral e para o mercado global, reforçando a necessidade de o Brasil diversificar destinos e reduzir dependência de mercados sujeitos a choques unilaterais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica finaliza um plano de contingência para minimizar os impactos sobre a indústria, a agricultura e o emprego. Ele garantiu que as medidas serão adotadas dentro do marco fiscal e descartou, por ora, retaliações comerciais.
A expectativa é que, nesta semana, as primeiras ações sejam apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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