Artigo
Como me tornei jornalista
17/08/2025
12:00
WILSON AQUINO
Minha história no jornalismo começou em 1973, graças à indicação de meu irmão, o jornalista Rubens Aquino. Fui trabalhar no jornal S/A Correio Braziliense Diário da Serra, em Campo Grande, como contínuo — ou, no popular, office boy. O prédio ficava na Avenida Afonso Pena, quase esquina com a Rua 14 de Julho, onde hoje funciona uma ótica, ao lado da Galeria Dona Neta.
Meu dia começava às 4h30 da manhã. Sozinho, limpava todo o prédio — administração, comercial e redação —, inclusive banheiros e cozinha, e enquanto fazia isso, ainda atendia crianças e adultos que chegavam para a compra do diário para revenda na rua, ainda na madrugada. Depois, preparava o café para os mais de 40 funcionários e por volta das 7h30, tudo estava limpo. Às 8h, banho tomado na própria empresa e roupa limpa, assumia o balcão de atendimento. Depois vinham os serviços bancários e toda tarefa que aparecesse.
Mesmo com tantas funções, o que me encantava era acompanhar o trabalho dos jornalistas. Sempre que podia, permanecia na redação observando aquele ambiente eletrizante — telefonemas urgentes, máquinas de escrever tilintando, correria de repórteres entrando e saindo em busca da notícia. O interesse por aquele trabalho me levou a receber de alguns profissionais dali, dicas preciosas de como fazer entrevistas e buscar informações. Com esse conhecimento, passei a sair para buscar “dados e informações” solicitadas por um ou outro jornalista, para complementar suas matérias. Aos poucos, comecei a não apenas entregar dados manuscritos, mas também a redigi-los na máquina de escrever e depois, dando os primeiros traços de uma redação final.
Nessa época estavam pela redação: Francisco Lagos, Guilherme Filho, Silvio Martins Martinez, Valdir Cardoso, Silvio de Andrade (começando no Esportes), Roberto Higa, Raimundinho, João Bispo do Nascimento, Rubens Aquino, Waldemar Hozano; na administração: Aluizio Villa Maior, Alcindo Miranda, Yone Uehara... e outros grandes profissionais em suas respectivas áreas.
No final de 1974, deixei o jornal para conhecer um pouco o Brasil. Passei pelo Paraná, Minas Gerais e, em São Paulo, trabalhei como apontador na construção de uma grande usina siderúrgica em Pindamonhangaba/SP. Nos alojamentos, ganhei dinheiro de operários, lendo e escrevendo cartas familiares. Mas em pouco tempo precisei voltar: minha mãe, Dair Aquino, estava internada, lutando contra um câncer.
Em 1978, mais uma vez com o apoio de Rubens, voltei ao Diário da Serra, agora como “foca” — repórter iniciante. Tive a sorte de encontrar no editor-chefe Silvio Martins Martinez um mestre generoso, grande jornalista, que pacientemente corrigia meus textos e me ensinava a escrever com qualidade jornalística. Foi no prédio da Rua Cândido Mariano, entre as ruas 13 de Maio e Rui Barbosa, que vivi intensamente aquele início, cercado de colegas que guardo no coração: Sebastião Jorge Góes de Souza, Jorge Franco, Marco Eusébio, Nilson Pereira, Ademar Cardoso, Adilson Trindade, Alex Fraga, Guilherme Filho, e tantos outros. Na fotografia, Zurutuza, Narcizo Silva, Paulo Ribas, Renan Silva e André; na diagramação, Tânia Jabour, Bernardete e Ico Victório. E tantos outros nos demais departamentos, e na direção, Dr. César Quintas Guimarães.
O faro jornalístico logo se manifestou. Uma das primeiras matérias que produzi surgiu de uma conversa casual: um amigo, guarda- -mirim, reclamava que não recebia o salário justo. Investigando, descobri um esquema em que centenas de jovens ganhavam menos de um salário mínimo, enquanto o convênio firmado entre a “Guarda”, dirigida por apenas um cidadão, com dezenas de empresas e principalmente o Banco Financial, que empregava mais de 100 jovens, pagava três ou mais salários mínimos à direção, por cada mirim. Ou seja, recebia 3 e pagava menos de 1. Minhas reportagens provocaram a desativação da instituição, que mais tarde foi reorganizada pela primeira-dama do município, esposa do prefeito Lúdio Coelho.
Outra série marcante de reportagens foi contra a instalação de usinas de açúcar e álcool na bacia pantaneira, que poderiam jogar o poluente vinhoto diretamente nos rios, causando mortandade de peixes e destruição da vegetação. Em um caso específico, investiguei um grave vazamento desse produto ocorrido na usina instalada no distrito de Quebra Coco, em Sidrolândia.
Descobri que um dos tanques de contenção, com milhares de litros, havia se rompido, apesar da negação da usina, liberando milhares de litros de vinhoto que escorreram pelo córrego Belchior, atingindo o córrego Canastrão, que deságua no Cachoeirão e este no Rio Aquidauana.
Depois desse período de aprendizagem e aperfeiçoamento no Diário da Serra, trabalhei também nos jornais Folha do Povo, Jornal da Manhã, Diário do Pantanal e O Estado MS, onde hoje sou colaborador, com a publicação semanal de artigos, há mais de 5 anos. Também exerci a chefia de Reportagem da TV Educativa de Mato Grosso do Sul nos governos de Pedro Pedrossian e Wilson Barbosa Martins.
Com o tempo, especializei-me como editor de economia, acreditando que poderia ajudar as famílias a melhorar sua qualidade de vida, orientando sobre preços de alimentos, saúde e educação. Também atuei como Assessor de Imprensa para instituições importantes como Petrobras, Acrissul, Famasul, Uniderp, Creci- -MS, Secovi, Sista, Sindjufe, Sintrae, Fetagri, Feintramag e Fetracom, entre outras. Hoje sigo com algumas assessorias e na MV Agência, atendendo prefeituras e campanhas políticas em Mato Grosso do Sul.
Sou grato a Deus pelo dom da comunicação — não apenas para informar, mas para inspirar. Sempre procurei levar mensagens que apontassem o melhor caminho, sobretudo material e espiritual, porque só o Senhor é capaz de nos conduzir ao verdadeiro bem- -estar pessoal e familiar.
*Jornalista e professor
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Ex-funcionários denunciam rotina de adolescentes em mansão de Hytalo Santos na Paraíba
Leia Mais
Felca recebe ameaça de morte e Justiça determina quebra de sigilo do Google
Leia Mais
Carlos Bolsonaro critica governadores que lançam pré-candidatura à Presidência
Leia Mais
Saiba o que Zé Trovão disse à PF sobre suposta ameaça a Lula
Municípios