O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “inaceitável e vergonhosa” a decisão do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, de cassarem o visto do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. A declaração foi feita nesta terça-feira (26), durante a abertura da segunda reunião ministerial do ano, realizada no Palácio do Planalto.

“Minha solidariedade a você por conta do gesto irresponsável dos Estados Unidos de cassar o teu visto. Eles estão deixando de receber uma personalidade da tua competência, da tua capacidade. Eu acho que é vergonhoso para eles, não para você”, afirmou Lula.

Contexto da reunião

O encontro reuniu ministros e o alto escalão do governo, com o objetivo de apresentar resultados da gestão e alinhar prioridades até 2026. A maioria dos presentes usava o boné azul com o slogan “O Brasil é dos Brasileiros”, adotado pelo governo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi exceção ao não utilizar o acessório.

Críticas à família Bolsonaro

Ainda no início do encontro, Lula também fez duras críticas à família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos.

“O que está acontecendo hoje no Brasil com a família do ex-presidente e do filho dele nos EUA é uma das maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus. A família inteira, com um filho que já deveria ter sido expulso da Câmara, insuflando um outro Estado contra o Estado do Brasil. Vamos ter que fazer disso uma frente de batalha no campo da política, do governo, para que o país seja respeitado”, disse.

Tarifaço e prioridades do governo

Além da solidariedade a Lewandowski, o encontro também abordou temas estratégicos:

• o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros;

• a proposta de regulamentação das big techs;

• a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) reforçou a necessidade de negociação com os EUA:

“O presidente Lula tem orientado: diálogo permanente, soberania, Estado de Direito, separação dos poderes e, ao mesmo tempo, negociação e diálogo permanente para corrigir essa distorção da política regulatória.”

Esta foi a segunda reunião ministerial de 2025 e a nona desde o início do atual mandato de Lula.