Polícia / Justiça
“Surto psicótico”: filho que matou ex-deputado Paulo Frateschi tratava bipolaridade, diz laudo da polícia
Família relatou que Francisco Frateschi, de 34 anos, sofria de transtorno bipolar e teve crise grave em São Paulo, onde seria submetido a tratamento psiquiátrico
06/11/2025
19:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O caso que chocou o cenário político e social de São Paulo ganha novos desdobramentos. Francisco Frateschi, de 34 anos, filho do ex-deputado e fundador do PT Paulo Frateschi, foi apontado pela família como autor do homicídio ocorrido durante um surto psicótico na manhã desta quinta-feira (6), no bairro da Lapa, zona oeste da capital paulista.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado no 91º Distrito Policial (Ceagesp), Francisco, diagnosticado com transtorno bipolar, teve um episódio de agressividade extrema dentro de casa, atacando os familiares e matando o pai com golpes de faca. A mãe e a irmã também ficaram feridas e precisaram de atendimento médico.
A irmã, Luísa Maux Vianna Frateschi, de 42 anos, contou à polícia que o irmão estava “muito agitado” e que tentou contê-lo junto com a mãe. Na confusão, Francisco empurrou a mãe, que caiu e fraturou o braço, e partiu para cima do pai. Luísa tentou intervir, mas foi mordida e agredida, sofrendo fratura em um dedo.
“Acredito que ele sofreu um surto, porque sempre foi uma pessoa doce e carinhosa”, relatou Luísa em depoimento.
Segundo o laudo inicial, o ex-deputado Paulo Frateschi foi atingido por golpes fatais e chegou a ser socorrido, mas morreu antes de receber atendimento no Hospital das Clínicas.
O psicanalista Cássio Barroso, que acompanhava o tratamento de Francisco há cerca de um ano, confirmou o diagnóstico de bipolaridade com episódios de hipomania — condição caracterizada por euforia, impulsividade e irritabilidade.
“Pela minha experiência clínica, acredito que ele teve um surto psicótico”, declarou o profissional à polícia.
Francisco estava em São Paulo acompanhado da família para dar início a um novo tratamento psiquiátrico, segundo o advogado da família, Lucas Bostolozzo Clemente. Após ser contido por policiais, ele foi sedado e internado sob escolta na Unidade de Pronto Atendimento da Lapa, onde segue incomunicável.
A mãe do acusado permanece internada no Hospital das Clínicas, e o depoimento dela será colhido após a alta médica. O caso continua sendo investigado pela Polícia Civil.
O ex-deputado estadual Paulo Frateschi, de 75 anos, foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e símbolo da resistência à ditadura militar. Preso e torturado em 1969, aos 19 anos, quando militava na Ação Libertadora Nacional (ALN), Frateschi fez carreira na política e na gestão pública.
Ele foi deputado estadual entre 1983 e 1987, presidiu o PT paulista na virada dos anos 2000 e foi secretário municipal de Relações Governamentais nas gestões de Marta Suplicy (2001–2005) e Fernando Haddad (2014).
Nas últimas décadas, mantinha atuação mais discreta, mas seguia como referência histórica do partido.
O presidente nacional do PT, Edinho Silva, lamentou a morte:
“Paulo Frateschi deixa um legado de coragem, integridade e compromisso com a justiça. Sua ausência é irreparável.”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também se manifestou:
“Foi um defensor incansável da democracia. Manifesto profunda solidariedade à companheira Yolanda, aos familiares e amigos.”
Nas redes sociais, Francisco se apresentava como oceanógrafo e profissional aquaviário, vivendo em Paraty (RJ), onde mantinha um barco com a família. Em publicações recentes, relatava experiências de vida simples e contato com o mar.
“Além de oceanógrafo, marinheiro! Aí, mãe, seu filho também é um profissional aquaviário formado pela Marinha do Brasil”, escreveu em 2022.
A tragédia agora expõe um alerta sobre a gravidade dos surtos psicóticos associados à bipolaridade e a importância de tratamento contínuo e acompanhamento familiar especializado.
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