CRÔNICA
Os Insubstituíveis Bebês Reborn: Uma Revolução de Plástico e Lucro
26/05/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Que ninguém duvide: o futuro do empreendedorismo brasileiro já chegou – e tem olhos de vidro, pele de silicone e choros simulados com precisão cirúrgica. Esqueçam os unicórnios do Vale do Silício, os robôs do Japão ou o petróleo do Oriente Médio. O verdadeiro filão do século XXI são eles: os bebês reborn. Uma indústria inteira que não respira, mas que inspira. Não mama, mas movimenta milhões. Não cresce, mas infla a economia como ninguém.
E por que parar por aí? Diante desse mercado tão... vivo (ou quase isso), decidi investir com responsabilidade emocional e um toque de insanidade racional. Montarei o primeiro Plano de Saúde exclusivo para bebês reborn. A equipe médica será tão original quanto seus pacientes: pediatras de porcelana, neonatologistas com olhos de botão e uma equipe de plantão que nunca atrasa – afinal, também são bonecos. Consulta marcada é consulta atendida. A eficácia do atendimento será proporcional à necessidade: nula, mas extremamente decorativa.
E onde há um plano de saúde, deve haver uma farmácia, claro. Especializada em placebos infantis! Gotas mágicas para febre inexistente, xaropes sabor tutti-frutti para dores fictícias e pomadas para assaduras que jamais acontecerão. E tudo isso, com bula. Afinal, o real pode ser dispensável, mas a estética da seriedade, jamais.
Na ala fashion, abriremos lojas de roupinhas, sapatinhos e brinquedos exclusivos. Afinal, mesmo sem andar ou brincar, um bebê reborn não pode ser visto duas vezes com o mesmo look. Vamos lançar coleções outono-inverno com lã vegana para bonecos e verão-praia com maiôs que resistem até à umidade do ar-condicionado.
Mas o cuidado vai além: planejamos a venda de animais de estimação para bebês reborn. Filhotes de pelúcia geneticamente modificados para parecerem reais, mas que – tal qual seus donos – não exigem ração, passeios ou veterinários. Um golden retriever de espuma e um gato persa de lã. Tudo hiperrealista, como manda o figurino da ilusão.
Pensando nas "mamães" – que, naturalmente, precisarão de uma folga – lançaremos uma rede de creches exclusivas para bebês reborn, em todas as capitais e cidades emocionalmente fragilizadas do país. As mães poderão deixá-los com segurança enquanto cumprem suas agendas terapêuticas com psicólogos e psiquiatras de carne e osso, esses sim, contratados com urgência para lidar com os efeitos colaterais do amor materno transferido ao PVC.
E, para fechar com chave de ouro, apresento o plano funerário mais lucrativo do século: uma PAX para bebês reborn. Eles não morrem nunca, então o lucro é eterno, como seus olhinhos de acrílico. Venderemos caixões em miniatura e cerimônias simbólicas com coral de bonecas cantando “Brahms Lullaby” ao contrário. A mortalidade é zero, mas os boletos, infinitos.
Por fim – e para não sermos acusados de negligência social – construiremos uma clínica psiquiátrica real, com médicos reais, remédios reais e diagnósticos ainda mais reais. Afinal, se a sociedade está abraçando bonecos com mais entusiasmo do que abraça seus filhos de verdade, talvez o problema não seja o brinquedo, mas quem o embala com tanto afeto.
A loucura tem mercado. E no país da desesperança, um bebê que não reclama, não envelhece e não decepciona, vale ouro.
E você aí, investindo em criptomoedas.
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