Economia / Energia
Brasil prepara política nacional para explorar terras raras em meio à pressão dos EUA
Ministério de Minas e Energia quer ampliar mapeamento e beneficiamento de minerais estratégicos na transição energética
26/07/2025
07:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Diante da crescente demanda global por minerais estratégicos e do recente embate comercial com os Estados Unidos, o governo federal estuda a criação de uma Política Nacional de Terras Raras. A proposta está em análise no Ministério de Minas e Energia (MME) e deve ser lançada nos próximos meses, após avaliação do Palácio do Planalto.
O setor ganhou visibilidade internacional após as terras raras brasileiras entrarem na mira do ex-presidente Donald Trump, em meio às tentativas do Brasil de negociar as tarifas de 50% impostas pelas novas políticas comerciais norte-americanas.
“Esse setor precisa ser desonerado, financiado, com desenvolvimento tecnológico e parcerias estratégicas”, defendeu Rodrigo Cota, do MME, em audiência no Senado.
Apesar do nome, terras raras não são necessariamente escassas, mas são difíceis de processar. Elas compreendem 17 elementos químicos (15 lantanídeos, mais escândio e ítrio) usados na fabricação de celulares, turbinas eólicas, carros elétricos, imãs e equipamentos militares — setores fundamentais na transição energética e na defesa nacional.
O Brasil possui potencial relevante, com destaque para projetos como o de Araxá (MG), onde as terras raras são estudadas para a produção de superímãs.
Segundo técnicos do MME, apressar a regulamentação do setor pode ser prejudicial. A complexidade da cadeia produtiva exige que especialistas, agentes do setor e comunidades impactadas sejam ouvidos, com atenção especial às questões ambientais e sociais.
A proposta em elaboração inclui:
Impulsionar o mapeamento geológico do território nacional, apoiando a descoberta de novos depósitos;
Fortalecer a indústria de transformação mineral, com foco em processamento e refino de terras raras no Brasil;
Criar ambiente tributário favorável, desonerar o setor e garantir acesso a linhas de financiamento públicas e privadas;
Investir na formação de mão de obra especializada e na pesquisa tecnológica aplicada;
Assegurar sustentabilidade, inclusão social e respeito às comunidades tradicionais.
“Temos que aproveitar essa janela de oportunidade, criando uma indústria nacional de terras raras sustentável, soberana e competitiva”, ressaltou Cota.
A disputa pelas terras raras está inserida num contexto geopolítico sensível, já que a China domina cerca de 90% do mercado global de processamento desses minerais. O Brasil é visto como uma alternativa estratégica para diversificar fornecedores globais, o que amplia o interesse dos Estados Unidos em garantir acesso às reservas brasileiras.
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