Política / Justiça
Bolsonaro pode pegar de 12 a 43 anos de prisão caso seja condenado no STF por trama golpista
PGR apresentou alegações finais contra ex-presidente e aliados; juristas preveem pena elevada, mas debate sobre extensão segue em aberto
29/07/2025
07:15
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
Caso seja condenado pelos cinco crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá receber uma pena de no mínimo 12 anos e meio e no máximo mais de 43 anos de prisão, segundo cálculos com base nas penas previstas em lei e nos agravantes citados pela acusação. O processo tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
As alegações finais foram apresentadas neste mês e envolvem, além de Bolsonaro, outros sete nomes considerados integrantes do núcleo central da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Os crimes imputados aos réus incluem:
Organização criminosa armada
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Golpe de Estado
Dano qualificado
Deterioração de patrimônio tombado
A acusação indica que Jair Bolsonaro exerceu papel de liderança, o que pode ampliar significativamente a pena. No caso da organização criminosa armada, por exemplo, a PGR aponta agravantes como o uso de arma de fogo e a participação de funcionários públicos, além do exercício de chefia — o que pode elevar a punição a mais de 17 anos só para esse crime.
Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin)
Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
Mauro Cid (ex-ajudante de ordens)
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil)
Obs.: Ramagem teve parte da ação penal suspensa pela Câmara dos Deputados.
Thiago Bottino, professor de Direito da FGV, aponta que os critérios de protagonismo e liderança na execução do plano golpista devem pesar para a fixação de penas mais altas.
“Dificilmente quem teve papel de destaque no crime receberá pena menor do que quem teve atuação secundária”, disse.
Marina Coelho, vice-presidente do IASP, acredita que a pena será elevada, mas não no patamar máximo previsto em lei:
“Haverá ponderação, levando em conta as causas de aumento, mas sem chegar ao limite.”
Já Maria Carolina Amorim, presidente da Comissão de Direito Penal da OAB Nacional, destaca que a definição da pena dependerá da individualização da conduta de cada acusado:
“Calcular agora é exercício de futurologia. Cada pena será aplicada conforme a participação comprovada no crime.”
Segundo balanço do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos no STF, as penas aplicadas até agora aos réus classificados como de gravidade elevada variaram de 3 a 17 anos e 6 meses.
A expectativa é que, caso Bolsonaro e os demais líderes do núcleo sejam condenados, as penas superem significativamente essa média, mas sem necessariamente atingir o teto máximo de 43 anos.
O julgamento no STF ainda não tem data marcada.
A decisão caberá ao plenário, com voto dos 11 ministros.
Em caso de condenação, Bolsonaro poderá recorrer, mas a sentença penal condenatória já traria efeitos imediatos, como inelegibilidade ampliada e eventual prisão.
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