Política
Governo vê tentativa de Trump de influenciar eleições no Brasil e fala em “mudança de regime”
Planalto avalia que ações dos EUA vão além do caso Bolsonaro e miram cenário político de 2026
16/08/2025
06:30
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
O governo brasileiro interpreta o tarifaço e as sanções impostas pelos Estados Unidos como parte de uma estratégia mais ampla do presidente Donald Trump para promover uma “mudança de regime” no Brasil. Segundo fontes do Planalto, a Casa Branca busca influenciar diretamente o processo eleitoral de 2026, garantindo que haja na disputa presidencial um candidato alinhado ideologicamente ao republicano.
Embora o STF tenha julgamento marcado para setembro sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), integrantes do governo avaliam que a pressão americana não se restringe a esse episódio. Há temor de que, caso o presidente Lula (PT) seja reeleito em 2026, Trump questione a legitimidade do pleito.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já afirmou em conversas públicas que, se seu pai não estiver na cédula, os EUA não reconhecerão o resultado da eleição no Brasil.
O Planalto enxerga um movimento de Washington para reafirmar a América Latina como seu “quintal”. Entre as recentes posições dos EUA:
Apoio à prisão da ex-presidente argentina Cristina Kirchner;
Críticas à prisão do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, classificado como vítima de “juízes radicais” pelo secretário de Estado Marco Rubio;
Declarações do futuro embaixador americano em Buenos Aires, Peter Lamelas, de que Cristina deveria “receber a justiça que merece”.
Para não ficar isolado regionalmente, o Brasil busca aproximação com governos de direita da região, evitando a formação de um novo “Grupo de Lima” contra o país. Entre as ações:
Visita do presidente equatoriano Daniel Noboa a Brasília na segunda-feira (18), para encontro com Lula;
Compra de gás da Argentina, apesar da distância política em relação a Javier Milei;
Defesa do uso do Mercosul e da OTCA como fóruns para debater temas como clima e energia, já que a Unasul está extinta e a Celac encontra-se paralisada.
Além disso, Lula mantém articulação internacional com líderes prejudicados pelo tarifaço de Trump. Nesta semana, conversará com Emmanuel Macron (França), Friedrich Merz (Alemanha), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia) e Cyril Ramaphosa (África do Sul).
Embora avaliem improvável que os EUA sancionem bancos brasileiros — medida considerada arriscada por seu potencial de abalar o sistema financeiro e atingir a Faria Lima, reduto de Bolsonaro —, há preocupação com possíveis sanções via Lei Magnitsky contra membros do Judiciário, especialmente ligados ao julgamento de Bolsonaro.
“Há chances de sanções antes ou depois do julgamento do ex-presidente, mirando ministros do Supremo”, avalia uma fonte do governo.
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