Política / Justiça
STF retoma julgamento da trama golpista com defesa de Bolsonaro
Segunda sessão da semana tem sustentação oral de advogados do ex-presidente e de generais acusados
03/09/2025
07:05
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, na manhã desta quarta-feira (3), o julgamento da Ação Penal 2.668, que apura a suposta trama golpista atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus do chamado “núcleo crucial”. O destaque do dia é a sustentação oral da defesa do ex-presidente, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder do esquema.
Na abertura da fase final, realizada na terça-feira (2), o presidente da Turma, ministro Cristiano Zanin, conduziu os trabalhos, seguido pela leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes. Em sua fala, o relator afirmou que o julgamento representa a defesa do Estado Democrático de Direito diante de uma tentativa de “instalar uma ditadura”.
Moraes ressaltou que não há espaço para omissão:
“A história nos ensina que a impunidade, a omissão e a covardia não são opções para a pacificação. Não se pode confundir pacificação com apaziguamento covarde, que leva à impunidade”, declarou.
Em seguida, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou a acusação, pedindo a condenação de Bolsonaro e dos demais réus. Para o PGR, a tentativa de golpe se manifestou em atos concretos que envolviam ameaças ao Judiciário, instrumentalização de órgãos como a PRF e a Abin, além dos ataques de 8 de janeiro, considerados “atos espantosos e tenebrosos”.
Entre os oito denunciados estão nomes de peso da gestão Bolsonaro:
Jair Bolsonaro – acusado de liderar o plano golpista.
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens, delator do caso.
Walter Braga Netto – ex-ministro, único réu preso.
Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa.
Anderson Torres – ex-ministro da Justiça, em cuja casa foi encontrada a minuta do golpe.
Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin e deputado federal.
Augusto Heleno – ex-ministro do GSI.
Almir Garnier – ex-comandante da Marinha.
Mauro Cid: defesa negou provas concretas e afirmou que o militar deixou o Exército por fragilidade psicológica.
Alexandre Ramagem: advogado negou que o deputado tenha conspirado contra o sistema eleitoral, alegando que apenas compilava declarações públicas de Bolsonaro.
Almir Garnier: sustentação feita pelo ex-senador Demóstenes Torres, que afirmou inexistirem provas de que o almirante mobilizou tropas.
Anderson Torres: defesa rebateu a acusação de fuga e disse que a viagem aos EUA era de férias em família; sobre a minuta do golpe, alegou que o documento já circulava publicamente antes da apreensão.
A sessão, com duração prevista até o meio-dia, terá como pontos altos a defesa do general Augusto Heleno e, principalmente, a dos advogados de Jair Bolsonaro.
Após as sustentações orais, os ministros só iniciarão a votação na próxima semana, a partir do dia 9 de setembro, quando o relator Alexandre de Moraes apresentará seu voto.
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