Política / Justiça
Embate no STF: Gilmar Mendes e Luiz Fux trocam ofensas após discussão sobre Lava Jato e julgamento envolvendo Sergio Moro
Clima ficou tenso no Supremo após ironia de Gilmar: “Vê se faz terapia pra se livrar da Lava Jato”
17/10/2025
09:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Um novo episódio de tensão marcou os bastidores e o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana. Os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux protagonizaram um duro embate pessoal e institucional durante o intervalo e a sessão plenária da quarta-feira (15), em meio a um julgamento que discutia a destinação de valores obtidos em ações públicas da Justiça do Trabalho.
O atrito teve origem antes mesmo do início da sessão. Durante o intervalo, Gilmar questionou Fux, em tom irônico, sobre o adiamento de um julgamento da Primeira Turma em que o ex-juiz Sergio Moro tenta reverter a decisão que o tornou réu por calúnia contra o próprio Gilmar. O placar estava 4 a 0 contra Moro, quando Fux pediu vista do processo.
“Vê se consegue fazer um tratamento de terapia para se livrar da Lava Jato”, teria dito Gilmar, segundo relatos de ministros presentes.
Fux reagiu afirmando que pediu mais tempo apenas para examinar o processo e acusou o colega de falar mal dele em público e nos bastidores. Gilmar respondeu de forma direta:
“É verdade. Falo mal publicamente, por considerá-lo uma figura lamentável.”
Durante a conversa acalorada, Gilmar também fez referência a um antigo assessor de Fux, José Nicolao Salvador, exonerado em 2016 após ser citado em uma proposta de delação premiada. O decano teria dito que o ministro deveria “enterrar o assunto do Salvador”, o que irritou ainda mais o colega.
O tom se elevou e a discussão extrapolou o ambiente privado, refletindo no plenário horas depois.
Segundo relatos, Fux deixou a sessão logo no início do voto de Gilmar e não retornou, em um gesto interpretado como repúdio à postura do decano.
Durante sua fala de quase 50 minutos, Gilmar aproveitou o julgamento sobre o uso de recursos de condenações trabalhistas para reativar suas críticas à Operação Lava Jato, acusando o Ministério Público de Curitiba de criar fundos ilegais com dinheiro recuperado da Petrobras.
“O principal exemplo de desvio flagrantemente ilegal de recursos que deveria servir à recomposição de danos é o que se observou na Operação Lava Jato, com tentativa de apropriação de verbas bilionárias por procuradores”, afirmou.
Gilmar também ironizou o comportamento dos investigadores da força-tarefa:
“O Brasil produziu, nesse período de Lava Jato, um tipo de combatente da corrupção que gosta muito de dinheiro. É uma singularidade.”
O ministro ainda mencionou a gestão do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, classificando-a como de “triste memória”, e leu mensagens atribuídas a procuradores trocadas durante as investigações.
Após a saída de Fux, a sessão prosseguiu de forma discreta. Poucos ministros se manifestaram, e o presidente do STF, Edson Fachin, encerrou os trabalhos logo após o voto de Gilmar.
Segundo fontes internas, o clima na Corte permaneceu tenso no dia seguinte, e nenhum dos ministros se pronunciou oficialmente sobre o episódio.
Um integrante do Supremo ouvido pela imprensa classificou a saída de Fux como “um gesto de protesto silencioso” contra o comportamento do decano.
O embate entre Gilmar e Fux ocorre num momento de divergências internas sobre os rumos da Lava Jato e sobre a responsabilização de figuras políticas e judiciais envolvidas em investigações passadas.
Ambos os ministros já haviam protagonizado confrontos públicos anteriores, mas este episódio se destaca pela gravidade das ofensas pessoais e pelo impacto simbólico dentro da Corte Suprema.
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