Famosos / Luto
Morre Lô Borges, fundador do Clube da Esquina e um dos ícones da música brasileira, aos 73 anos em Belo Horizonte
Cantor e compositor mineiro estava internado desde 17 de outubro; autor de clássicos como “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”, marcou gerações com o som do Clube da Esquina
03/11/2025
08:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O cantor e compositor Lô Borges, um dos nomes mais influentes da música popular brasileira, morreu nesta segunda-feira (3), aos 73 anos, em Belo Horizonte (MG). A informação foi confirmada pela família do artista.
Internado desde 17 de outubro na UTI de um hospital da capital mineira, Lô enfrentava complicações decorrentes de intoxicação por medicamentos e chegou a passar por uma traqueostomia no dia 25 do mesmo mês.
Em parceria com Milton Nascimento, Lô Borges foi um dos criadores do lendário Clube da Esquina, movimento musical que revolucionou a MPB nos anos 1970 ao misturar bossa nova, rock, jazz e sonoridades regionais mineiras.
Autor de canções atemporais como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”, Lô eternizou uma estética poética e harmônica que influenciou gerações de artistas brasileiros e estrangeiros.
Nascido Salomão Borges Filho, no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, Lô era o sexto de 11 irmãos. Ainda criança, mudou-se com a família para o Centro da cidade, onde o destino o colocou frente a frente com Milton Nascimento.
“Sentei na escadaria e dei de cara com um carinha tocando violão — era o Bituca. Eu tinha 10 anos, e ele, 20”, relembrou em entrevista a Pedro Bial, em 2023.
Pouco depois, nas ruas do centro, Lô conheceu outro futuro parceiro musical, Beto Guedes, então um menino andando de patinete.
De volta ao bairro Santa Tereza, Lô consolidou sua identidade artística. Foi ali, “na esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis”, que nasceu o movimento que uniria uma geração de músicos mineiros e mudaria a história da MPB.
Em 1972, Lô Borges e Milton Nascimento lançaram o álbum “Clube da Esquina”, considerado um marco da música brasileira e, segundo a revista norte-americana Paste Magazine, o nono melhor disco de todos os tempos no mundo.
No mesmo ano, Lô gravou seu primeiro trabalho solo, o “Disco do Tênis”, um cultuado álbum de experimentação sonora e liberdade criativa.
O sucesso repentino levou Lô a um período de afastamento dos palcos, quando viveu por um tempo em Arembepe (BA). O retorno ocorreu em 1978, com o disco “Via Láctea”, seguido por “Sonho Real” (1984), sua primeira turnê nacional.
Nos anos 2000, uma parceria com Samuel Rosa (Skank) na música “Dois Rios” o apresentou a um novo público, reafirmando seu talento como compositor moderno e atemporal.
Desde 2019, Lô mantinha a tradição de lançar um álbum inédito por ano. Seu último trabalho, “Céu de Giz”, saiu em agosto de 2025, em parceria com Zeca Baleiro.
Com simplicidade e poesia, Lô Borges transformou melodias em paisagens sonoras da alma brasileira. Sua obra atravessa décadas, unindo gerações que ainda hoje se emocionam com as harmonias e letras que nasceram de uma esquina de Belo Horizonte e se espalharam pelo mundo.
“O Clube da Esquina não foi só um grupo musical — foi um estado de espírito. E Lô Borges foi sua alma mais pura.”
Lô deixa uma herança imortal para a música brasileira — um universo de beleza, liberdade e sentimento, construído com acordes que jamais deixarão de ecoar.
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