Palmas (TO), Segunda-feira, 03 de Novembro de 2025

Política

Bolsonaro perde força política com Lula em alta e risco crescente de prisão

Enfraquecimento do PL da Dosimetria, pressão no STF e avanço diplomático de Lula com Trump ampliam o isolamento do ex-presidente

03/11/2025

09:30

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atravessa um dos momentos mais delicados de sua trajetória política. Com o Supremo Tribunal Federal (STF) prestes a julgar os últimos recursos de sua defesa e o PL da Dosimetria travado no Congresso, o ex-chefe do Executivo enfrenta o esvaziamento de seu capital político ao mesmo tempo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a subir nas pesquisas.

A conjuntura se agravou com a possibilidade de trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão, a crise na segurança pública e a reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos, após meses de atrito gerado por aliados do ex-presidente.

Pressão no STF e risco de prisão

A Primeira Turma do Supremo deve analisar nesta quinta-feira (7) os recursos apresentados pela defesa de Bolsonaro, que tenta reverter a condenação relacionada à tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023. Fontes próximas ao tribunal avaliam que não há espaço para mudanças substanciais, já que os argumentos repetem teses anteriormente rejeitadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.

Com isso, a prisão do ex-presidente — inicialmente em regime domiciliar — torna-se cada vez mais provável, reforçando a imagem de fragilidade política e jurídica de Bolsonaro no cenário nacional.

PL da Dosimetria perde tração no Congresso

No campo legislativo, o PL da Dosimetria, projeto que prevê a redução de penas para envolvidos nos atos de 8 de janeiro, está parado na Câmara dos Deputados sob a relatoria de Paulinho da Força (Solidariedade-SP). O texto perdeu impulso diante da falta de acordo com o Senado e do recuo de aliados após o desgaste político provocado pela PEC da Blindagem — proposta que beneficiava parlamentares e foi barrada após forte reação pública.

“Essa pauta vai perdendo o timing e ficando velha. Além de não agradar nem à esquerda nem à direita, acabou naufragando”, avalia o cientista político Leandro Consentino, do Insper.

Segundo ele, o tema perdeu força também em razão da mudança de foco no Congresso, agora dominado pelo debate sobre segurança pública após a megaoperação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, liderada pelo governador Cláudio Castro (PL).

Lula avança no campo diplomático

Enquanto Bolsonaro tenta conter os danos, Lula reforça sua imagem internacional. Após a crise diplomática causada por sanções impostas pelo governo de Donald Trump — estimuladas por aliados bolsonaristas como Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo —, o Itamaraty conseguiu reabrir o diálogo entre Brasília e Washington.

O encontro recente entre Lula e Trump, na Malásia, marcou uma inflexão na política externa brasileira e foi interpretado por analistas como sinal de maturidade diplomática e liderança política.

“O que teve maior peso foi a reação de Lula e do governo brasileiro ao tarifário e às sanções de Trump. Lula transformou tensão em diálogo”, destacou o cientista político Antonio Lavareda.

Isolamento e incerteza na direita

O avanço de Lula e o esvaziamento das articulações bolsonaristas também atingem Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), considerado até então o principal nome da direita para 2026. Com o PT em recuperação nas pesquisas e o cenário econômico em estabilidade, a base bolsonarista perde fôlego e enfrenta divisões internas.

A avaliação de especialistas é que Bolsonaro ainda mantém alguma influência simbólica sobre a extrema-direita, mas seu cacife eleitoral está cada vez mais limitado.

“Bolsonaro ainda tem algum capital político, mas ele está cada vez menor. Sua ascendência sobre a direita vem se erodindo, embora a real dimensão desse desgaste só possa ser medida em 2026”, conclui Consentino.


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