POLÍTICA
Lula pede moderação a aliados sobre inquérito do golpe para evitar discursos de perseguição
Relatório da PF que indica Bolsonaro e outros 36 por tentativa de golpe gera cautela no Planalto e arranha imagem do Exército
27/11/2024
13:55
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) orientou ministros e aliados a manterem moderação nas falas sobre o relatório final da Polícia Federal (PF), que indicia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado. A orientação busca evitar que opositores interpretem as declarações como "perseguição política", segundo fontes do Palácio do Planalto.
Nesta terça-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou o relatório da PF à Procuradoria-Geral da República (PGR), que poderá apresentar denúncia formal contra os envolvidos. Entre os indiciados estão políticos de destaque, como o ex-ministro Braga Netto e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Lula recomendou "sobriedade" nas declarações, e os ministros têm seguido a orientação, optando por comentários comedidos sobre o caso. Grupos internos do PL também estão adotando o silêncio. Embora alguns aliados de Bolsonaro tenham classificado os indiciamentos como "narrativas sem provas", líderes da sigla têm evitado amplificar o debate publicamente.
Aliados de Valdemar Costa Neto consideraram um erro a recente entrevista de Bolsonaro sobre o caso e defendem que o ex-presidente adote uma postura mais discreta diante das investigações.
O relatório da PF trouxe constrangimento para a cúpula do Exército, especialmente devido ao envolvimento de militares na trama golpista. Nos bastidores, oficiais relataram "surpresa" com mensagens reveladas na investigação, que continham termos ofensivos a generais e comandantes que resistiram às pressões golpistas.
A instituição busca destacar que, apesar do envolvimento de militares de alta patente, o Exército, como órgão, não apoiou o plano de ruptura democrática. No entanto, não planeja emitir nota oficial até que haja avanços no processo no STF.
O episódio reacendeu o debate sobre a participação de militares da ativa na política. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação no Congresso visa limitar esse envolvimento, mas o tema ainda divide opiniões dentro do governo.
A estratégia de Lula reflete a tentativa de preservar a imagem do governo enquanto o caso avança no Judiciário. Ao mesmo tempo, o relatório da PF tem potencial de reabrir debates sobre limites institucionais e o papel das Forças Armadas na política brasileira.
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