Economia / Correios
Correios lançam novo PDV para desligar ao menos 10 mil funcionários e viabilizar empréstimo de R$ 20 bilhões
Estatal enfrenta rombo histórico e aposta em reestruturação profunda para evitar colapso financeiro até 2026
14/11/2025
09:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Os Correios preparam um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV) que deve desligar ao menos 10 mil empregados, como parte do pacote emergencial de reestruturação que visa garantir a contratação do empréstimo de R$ 20 bilhões solicitado pela estatal. A medida é considerada crucial para evitar o agravamento da crise financeira que atinge a empresa desde 2022.
A diretoria afirma que o ajuste é necessário para convencer bancos a liberarem o crédito, que terá garantia do Tesouro Nacional. O aval soberano reduz o risco aos financiadores, já que a União assume os pagamentos em caso de inadimplência.
A estatal deve encerrar 2025 com déficit de R$ 10 bilhões. Sem intervenção urgente, projeções internas apontam risco de:
R$ 20 bilhões de prejuízo já em 2026, devido a multas por atrasos em pagamentos;
Até R$ 70 bilhões de rombo em cinco anos, em cenário extremo.
O gasto com pessoal representa hoje 72% das despesas totais da companhia, que conta com cerca de 85 mil empregados.
O programa será lançado em duas etapas:
Critérios como idade mínima e tempo de serviço serão mantidos, como nos PDVs anteriores.
Os Correios vão definir metas específicas por setor ou agência, com base em um estudo de produtividade e sobreposição de unidades ("sombreamento").
O objetivo é evitar desfalques operacionais e priorizar setores com ociosidade.
A empresa possui cerca de 10 mil unidades no país — apenas 15% são superavitárias.
Dois pontos são considerados decisivos para a adesão:
Postalis: aposentadoria reduzida por cobranças extras para cobrir rombo bilionário dos planos.
Plano de saúde: mesmo fragilizado, ainda é visto como um benefício valioso.
A empresa deve negociar diretamente com sindicatos para tentar construir uma proposta mais atrativa e evitar baixa adesão — o último PDV, em 2024, teve apenas 3.705 adesões.
Parte dos R$ 20 bilhões será usada para pagar incentivos de desligamento. A expectativa é que o investimento inicial seja compensado pela economia futura com folha salarial, permitindo o reequilíbrio financeiro.
A diretoria quer apresentar um plano “crível” aos bancos, ao governo e a órgãos de controle como TCU e CGU.
Além do PDV, o plano inclui:
venda de imóveis;
reformulação do plano de saúde;
reestruturação de cargos e salários;
flexibilização da jornada, com intensificação de entregas nos fins de semana;
cobrança de metas e resultados para superintendentes;
possibilidade futura de remuneração variável.
Um sindicato de bancos — Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil — aceitou conceder o crédito, mas pediu juros de 136% do CDI.
O Tesouro Nacional, porém, fixa limite de 120% do CDI para operações com garantia soberana.
A diferença representaria centenas de milhões de reais adicionais ao longo de dez anos, o que levou a estatal a buscar nova rodada de negociações neste mês.
A expectativa é fechar o acordo ainda em 2025.
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