Política Internacional
Lula critica tarifaço de Trump e alerta para fim do multilateralismo: “Briga pessoal com a China”
Presidente brasileiro destaca risco de efeito devastador na economia global e defende candidatura feminina à liderança da ONU durante cúpula da Celac
09/04/2025
20:00
AGÊNCIA BRASIL
DA REDAÇÃO
©Ricardo Stuckert/PR
Durante participação na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada nesta quarta-feira (9) em Tegucigalpa, capital de Honduras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente a política tarifária do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que ampliou unilateralmente tarifas comerciais contra a China e reduziu alíquotas para outros 75 países.
Para Lula, a medida representa uma ruptura do multilateralismo e ameaça a estabilidade da economia global.
“Negociação individual é o fim do multilateralismo. E o multilateralismo é muito importante para a tranquilidade econômica que o mundo precisa”, afirmou.
O presidente brasileiro alertou sobre os impactos das tarifas unilaterais nas cadeias produtivas internacionais e no custo dos produtos para os consumidores.
“Nós não sabemos qual vai ser o efeito devastador disso na economia. É preciso saber quanto vai custar isso do ponto de vista do preço dos produtos, da relação multilateral”, declarou em entrevista a jornalistas brasileiros após a cúpula.
Lula reforçou que o gesto de Trump configura uma ofensiva direta contra a China.
“Me parece que está ficando cada vez mais visível que é uma briga pessoal com a China. Não é aceitável a hegemonia de um país — seja militar, cultural, tecnológica ou econômica — sobre os demais”.
Questionado sobre como o Brasil reagirá diante de um eventual agravamento da guerra comercial, Lula respondeu que o governo brasileiro buscará negociar até o fim, mas responderá com firmeza, se necessário.
“Vamos utilizar todas as palavras de negociação que o dicionário permitir. Depois que acabar, nós vamos tomar as decisões que entendermos cabíveis”, garantiu.
Ainda durante a cúpula, Lula criticou a tentativa de Paraguai e Argentina de barrar a aprovação da declaração final do encontro. O documento foi aprovado, mas com ressalvas dos dois países.
“O consenso não pode ser o direito de veto. É mais democrático aprovar o documento e registrar no rodapé que tal país divergiu, para que as coisas andem”, defendeu.
Outro ponto de destaque da agenda de Lula foi a proposta apresentada pelo Brasil para que a Celac apoie uma candidatura única feminina da América Latina e Caribe ao cargo de secretária-geral da ONU, cujo mandato atual de António Guterres termina em 2026.
“As mulheres estão ocupando espaços cada vez melhores, estão provando que têm mais competência que os homens em muitas coisas. O século 21 pode ser verdadeiramente o século das mulheres”, declarou.
Entre os nomes cogitados nos bastidores diplomáticos estão:
Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile
Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados
Rebeca Grynspan, ex-vice-presidente da Costa Rica
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