Palmas (TO), Segunda-feira, 19 de Maio de 2025

Política / Justiça

Servidor da PRF diz ao STF que houve ordem para interferir nas eleições: “Está na hora de tomar um lado”

Ex-coordenador de inteligência relata pressão da cúpula da PRF; Moraes adverte general por contradições sobre minuta golpista

19/05/2025

17:00

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (19), o ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara, afirmou que houve uma orientação interna para que a corporação reforçasse abordagens de ônibus e vans durante o segundo turno das eleições de 2022, especialmente com destino ao Nordeste. Segundo ele, a ordem partiu do então diretor de operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, e teria sido referendada pelo diretor-geral, com o argumento de que era hora de a PRF “tomar um lado”.

O depoimento foi prestado como testemunha de acusação em ação penal que apura a existência de uma trama golpista para manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas urnas. O processo é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

“A gente tem que fazer jus das funções de direção. Aquilo era uma determinação do diretor-geral”, relatou Adiel, reproduzindo o que teria ouvido de Djairlon.

PRF teria mirado estados estratégicos

Segundo Adiel, os alvos das abordagens foram veículos que partiam de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro com destino ao Nordeste. Questionado sobre o motivo, ouviu como justificativa oficial a alta incidência de acidentes nessas rotas — argumento que ele afirmou não ter convencido.

O servidor ainda afirmou que, no dia seguinte à reunião, a ordem foi reiterada pelo diretor de inteligência Reischak, e distribuída aos chefes estaduais de inteligência da PRF.

STF investiga trama golpista envolvendo Bolsonaro

O STF apura uma suposta tentativa de golpe de Estado, denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), envolvendo Bolsonaro e mais 33 acusados, entre militares e ex-integrantes do governo. A acusação aponta uso indevido da PRF e do Ministério da Justiça para restringir o acesso ao voto de eleitores em regiões favoráveis a Lula.

Um dos réus é o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, que também responderá por improbidade administrativa e abuso de poder.

Moraes adverte general por possível contradição

Outro destaque da audiência foi o depoimento do ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, que relatou ter rejeitado uma proposta golpista apresentada em reunião com Bolsonaro, junto aos então comandantes da Marinha e da Aeronáutica.

Moraes advertiu o general por possíveis contradições entre seu depoimento ao STF e à Polícia Federal:

“Se mentiu na polícia, tem que falar que mentiu na polícia. Não pode agora no STF dizer que não sabia… Ou o senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui”, disse o ministro.

Freire Gomes reafirmou que nunca apoiou qualquer medida sem respaldo jurídico e que não poderia interpretar a intenção de outros participantes da reunião, como o almirante Garnier, que teria se declarado “ao lado do presidente”.

Testemunhas arroladas pela PGR

Além de Adiel Alcântara e Freire Gomes, a PGR indicou outras três testemunhas para esta fase:

  • Éder Lindsay Magalhães Balbino – empresário ligado à produção de material com ataques ao sistema eleitoral;

  • Clebson Ferreira de Paula Vieira – servidor acusado de montar planilhas para Anderson Torres rastrear eleitores;

  • Carlos de Almeida Baptista Júnior – ex-comandante da Aeronáutica, também presente na reunião da minuta golpista.

As oitivas são conduzidas pelos ministros da Primeira Turma do STF, composta por Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também acompanha os trabalhos, assim como os réus Jair Bolsonaro e Braga Netto.


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